Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Último disco da carreira de Elis está no volume 6 da Coleção Folha
Em 'Elis', cantora assume influência da música negra americana
Elis Regina (1945-1982) canta canções de Gilberto Gil, de Guilherme Arantes e de compositores mineiros do Clube da Esquina no sexto volume da Coleção Folha, que vai às bancas no próximo domingo, dia 20.
Escrito pelo jornalista Carlos Calado, o livro que contém o último álbum de Elis, lembra que a levada pop desta fase se contrapõe à decepção da cantora em relação à permanência da ditadura militar, instaurada havia mais de 15 anos no país.
Lançado em 1980, o disco "Elis" cria atmosfera de festa com arranjos de Cesar Camargo Mariano remetendo à música negra norte-americana produzida no momento.
Assim, Elis deu ao álbum um ar para cima. Queria soar mais leve, depois de uma década falando sobre tortura, censura, dando explicações em delegacias.
Essa leveza vem em faixas como "Sai Dessa", que abre o disco anunciando: "Hoje eu sonhei que cerveja sai na bica/ no banheiro não tem fila/ nem existe contramão/ Que o trabalho é ali na nossa esquina/ e depois do meio-dia/ nem polícia e nem ladrão".
O otimismo é mantido nas faixas seguintes, em especial no funk "Aprendendo a Jogar", de Guilherme Arantes, que também contribuiu com a composição romântica "Só Deus É Quem Sabe".
Do Clube da Esquina aparecem "O Medo de Amar É o Medo de Ser Livre" (Beto Guedes e Fernando Brant), "Vento de Maio" (Telo e Márcio Borges) e "Trem Azul" (Lô Borges e Ronaldo Bastos).
De Gilberto Gil, usual no repertório de Elis, ela canta "Rebento" e "Se Eu Quiser Falar com Deus".
"Acho que foi o melhor que fiz até hoje --pelo menos o clima do disco é o mais leve que consegui. E conseguir ser leve depois de tanta coisa desagradável que a gente passou, que a minha geração passou, é um grande prêmio", disse à época a cantora sobre o disco.
O CD traz quatro faixas bônus, incluindo "Tiro ao Álvaro", em parceria com Adoniran Barbosa.
