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Crítica - Ópera

Elenco e música superam conceito cênico em 'Falstaff'

Barítono italiano brilha sem ofuscar os outros atores na montagem de Verdi

DO CRÍTICO DA FOLHA

Ainda sob aplausos, do palco do Theatro Municipal, o maestro Neschling deu a entrada para repetir a fuga final da ópera "Falstaff" (1893), de Verdi (1813-1901). Sozinhos no fosso, os músicos tocaram como puderam.

Mas a noite estava ganha, e valia apreciar mais uma vez o barítono italiano Ambrogio Maestri liderar o momento derradeiro da última ópera do compositor, olhando para o público para dizer em bom som: "Tutti gabbati!" (todos enganados).

Ver e ouvir ao vivo Maestri é um espetáculo à parte. Voz poderosa para encher três Municipais; graves com diferentes matizes, como se o som tivesse recebido camadas de verniz; grande ator, domínio total do texto e porte físico perfeito para o guloso fanfarrão criado por Shakespeare.

Maestri é hoje o mais importante intérprete do papel, e poderia ter sufocado um elenco de menor qualidade.

Mas Rodrigo Esteves brilhou como Ford, arrancando aplausos após o dueto das vozes graves seguido de ária solo no segundo ato da ópera.

Marco Frusoni (como Fenton) foi o melhor entre os tenores, e os graves dramáticos de Elisabetta Fiorillo (como Mrs. Quickly) fizeram com que ela se destacasse entre as mulheres, ao lado de Rosana Lamosa (como Nannetta).

Verdi ora escreve música de câmara, ora usa todos os recursos orquestrais.

A cena final do primeiro ato -com todas as personagens (menos Falstaff) em cena- não saiu bem ajustada (nem no equilíbrio entre as forças, nem no tempo). Mas a orquestra respondeu bem à maior parte dos desafios. Não faltaram boas ideias musicais.

A concepção cênica de Davide Livermore, por outro lado, parecia em outra sintonia. Sua ambientação na Inglaterra contemporânea -com punks e aristocratas- tira a atenção do discurso sonoro impecável de Verdi sem contribuir para a compreensão da obra. Visualmente, o melhor foi a cena aberta na floresta no terceiro ato.


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