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Fazer má literatura é difícil, diz escritor Leonardo Padura

Para cubano, poucos conseguiriam conceber romances best-sellers como os de Paulo Coelho e Dan Brown

Colunista da Folha participou de debate para lançar o romance 'O Homem que Amava os Cachorros'

FABIO VICTOR EDITOR-ADJUNTO DA "ILUSTRADA"

Escrever mal é difícil, declarou um dos maiores escritores contemporâneos.

Durante debate anteontem à noite no Sesc Consolação, em São Paulo, para divulgar seu romance "O Homem que Amava os Cachorros", o cubano Leonardo Padura, colunista da Folha, caçoou de autores best-sellers.

"Escrever livros como os de Paulo Coelho e Dan Brown não é fácil, não há muitos Dan Browns que possam escrever um romance tão horrível como O Código Da Vinci', que venda milhões de exemplares. Há que se saber fazer má literatura para poder escrever um livro desses", disse, provocando risos na plateia.

Padura respondia a uma questão sobre como era possível que, mesmo sendo um "antibest-seller" (quase 600 páginas, vários narradores e tempos verbais e sobre um fato amplamente investigado, o assassinato de Leon Trótski por Ramón Mercader), "O Homem que Amava os Cachorros" virou um acontecimento literário.

O romance, que segundo a editora Boitempo já vendeu 12 mil exemplares no Brasil (um êxito para o país, onde livros do tipo têm tiragens médias de 3.000 cópias), foi aclamado pela crítica e recomendado por figuras como a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Padura respondeu a perguntas do público, do mediador Kim Doria (da Boitempo) e de três debatedores: o historiador e professor Gilberto Maringoni, o escritor Ricardo Lísias e a repórter especial da Folha Sylvia Colombo.

Nascido em 1955 em Havana, Padura notabilizou-se por seus romances policiais de estilo literário. É criador do detetive Mario Conde, protagonista de obras como "Ventos de Quaresma" e "Adeus, Hemingway".

Jornalista e ensaísta, é também um leitor refinado da realidade cubana --faz críticas ao regime, mas também reconhece seus efeitos positivos, e continua a viver na ilha.

No debate de anteontem, ele disse que seus livros são "falsos romances policiais". "São romances que qualquer leitor descobre desde o começo quem é o assassino e o que aconteceu. O importante é por que aconteceu algo e o que significa isso numa sociedade como a cubana."

Padura fez críticas ao modelo de socialismo soviético que norteou regimes como o de Cuba ("Stálin perverteu a utopia de uma sociedade igualitária") e explicou por que permanece morando na ilha mesmo tendo passaporte espanhol. "Porque sou um escritor cubano, nunca vou ser um escritor espanhol, e um escritor é resultado de sua cultura e de sua experiência."

Ao responder sobre sua atividade como jornalista, menos conhecida que a de escritor, ele comparou o jornalismo atual a redes de fast-food. "Está se convertendo num ofício em que tudo sai igual e todos têm o mesmo aspecto."


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