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Crítica ação

Wong Kar-wai mostra que luta não é seu forte

Apesar de bons momentos, 'O Grande Mestre' frustra espectador com narrativa confusa, clichês e tiques estilísticos

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"O Grande Mestre" é o primeiro longa chinês de Wong Kar-wai após sua experiência nos EUA com "Um Beijo Roubado" (2007). Para confirmar a volta às raízes, explora um tema bem chinês: o kung fu. Como pano de fundo, a invasão da China pelas tropas japonesas, na segunda metade da década de 1930.

O grande mestre do título é Ip Man (que viria a ser instrutor de Bruce Lee), aqui interpretado por Tony Leung, ator fetiche do diretor. Acompanhamos sua história errante, o exílio em Hong Kong, as tentativas de manter a honra da família em meio às traições e aos conflitos de seu país.

A narrativa é confusa, com inúmeros saltos temporais e uma certa indecisão na adesão ao personagem principal.

Na verdade, é mais um pretexto para as lutas e as imagens artísticas que compõem o estilo do diretor --câmera lenta, foco suave, objetos desfocados, música intimista, movimentação constante da câmera e multiplicidade de ângulos, elementos que podem causar maravilhamento ou enfado.

Há excesso de personagens, embora mereça destaque Gong Er (a musa Zhang Ziyi, melhor motivo para ver o filme), rival detentora de uma técnica de kung fu chamada "64 palmas", com quem Ip desenvolve uma relação de amor impossível de ser concretizada.

A primeira luta causa estranheza, pois revela algo que se confirma adiante: filmar cenas de ação não é o forte do diretor.

Compare as cenas de luta deste filme às dos clássicos produzidos pelos Shaw Brothers nos anos 1970 e 80, ou mesmo às dos quatro filmes que Tsui Hark dirigiu dentro da série "Era uma Vez na China" (1991-1995) para ver a diferença.

Wong Kar-wai tem certamente grandes filmes: "Felizes Juntos" (1997) e "2046 - Os Segredos do Amor" (2004) são os exemplos que vêm à mente em primeiro lugar. Tem, por outro lado, obras incompletas, que revelam um incômodo excesso de estilo.

Exemplos claros disso são "As Tears Go By" (1988), seu primeiro longa, e "Anjos Caídos" (1995).

"O Grande Mestre", apesar de bons momentos (especialmente quando cai no melodrama) é frustrante também porque suas imagens refletem um autor consciente demais de sua força diante dos fãs.

Na história, temos um pouco de cada tique estilístico explorado ao longo de sua carreira, acrescidos de clichês que outros diretores trabalharam de maneira mais feliz.

O GRANDE MESTRE
(YI DAI ZONG SHI)
DIREÇÃO Wong Kar-wai
PRODUÇÃO China, 2013
ONDE Cine Livraria Cultura, Espaço Itaú de Cinema Augusta e Kinoplex Itaim
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular


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