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Vencedor do Oscar é destaque em festival
Mostra de documentários musicais In-Edit começa em SP com 'Twenty Feet from Stardom', sobre cantoras de apoio
Programação com 60 filmes inclui cinebiografias sobre músicos brasileiros, rock e revolução digital
Claudia Lennear, Merry Clayton, Lisa Fischer. Os nomes podem até não ser tão familiares, mas as vozes delas aparecem em algumas das gravações mais importantes da história do rock e do pop.
Narrar a trajetória de cantoras de apoio de bandas famosas é o que embala o documentário "Twenty Feet from Stardom", de Morgan Neville.
Com essa premissa, o filme ganhou o Oscar de melhor documentário neste ano, tirando a estatueta de longas mais politizados como "O Ato de Matar" e "Guerras Sujas".
"Twenty Feet from Stardom" foi exibido no Festival do Rio em setembro do ano passado, com o nome traduzido ("A Um Passo do Estrelato") e chega hoje a São Paulo, com o título original, para abrir a mostra In-Edit de documentários musicais.
Claudia Lennear, uma das cantoras de apoio mostradas no filme, vem ao país para o encerramento do In-Edit.
A americana começou cantando e dançando com Ike e Tina Turner no fim dos anos 60, participou do show para Bangladesh com George Harrison e Ringo Starr, em 1971, e, segundo lendas do rock, inspirou a canção "Brown Sugar", dos Rolling Stones.
"Amo essa música até hoje", afirma à Folha. "É um rock maravilhoso e que ainda é bom de dançar."
O filme intercala a trajetória de Lennear e de outras backing vocals com depoimentos de astros como Mick Jagger e Bruce Springsteen.
Os relatos são em geral tristes: uma se virou como empregada doméstica, outra teve os discos engavetados. Lennear, que aspirava a uma carreira solo, virou professora de espanhol nos EUA.
"O documentário fez justiça porque levou os holofotes a quem tanto acrescentou à história do rock", diz Lennear.
David Bowie, antigo parceiro, já a procurou para uma nova colaboração, diz a cantora. Mas ela não dá detalhes. "Estamos discutindo o material. Não consigo pensar num colaborador mais talentoso."
Uma certeza ela tem sobre o que não quer cantar: rap. "Nunca entendi a mensagem, nunca achei que fosse um tipo criativo de música e, por isso, nunca abracei a ideia."
ANO DO ROCK
A 6ª edição do Festival In-Edit Brasil vai até o dia 11 em São Paulo e exibe 60 documentários musicais brasileiros e estrangeiros, incluindo 26 títulos inéditos em festivais.
"A seleção deste ano acabou privilegiando o rock", diz Marcelo Andrade, diretor da mostra. É o caso de "Jimi Hendrix: Hear My Train a Comin'", que teve acesso ao arquivo pessoal do guitarrista, além de documentários sobre as bandas Pulp e The National.
Os filmes brasileiros incluem cinebiografias de Ney Matogrosso ("Olho Nu", de Joel Pizzini), Cauby Peixoto ("Cauby: Começaria Tudo Outra Vez", de Nelson Hoineff) e Mario Lago, além de "A Farra do Circo", de Roberto Berliner e Pedro Bronz, sobre a história do Circo Voador, no Rio.
Dois documentários tratam da revolução digital na música: o inédito "Downloaded", de Alex Winter, sobre o programa Napster, e "TPB AFK", de Simon Klose, sobre os fundadores do site Pirate Bay.
Os filmes serão exibidos em seis locais: CineSesc, Museu da Imagem e do Som, Matilha Cultural, Centro Cultural São Paulo, Cinemateca e Cine Olido. A programação completa pode ser conferida no site in-edit-brasil.com.
