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Crítica - Documentário/In-Edit

Filme sobre ator veterano aborrece com silêncio e vazio

Longa com Harry Dean Stanton tem fotografia linda, mas conteúdo fraco

HARRY DEAN STANTON NÃO FALA, MURMURA. DIZ QUE NÃO QUER FALAR DOS PAIS OU DA JUVENTUDE. PASSA 80% DO TEMPO CANTANDO

ANDRÉ BARCINSKI COLUNISTA DA FOLHA

Por que fazer um filme sobre alguém que não se abre, se recusa a falar do passado, responde a todas as perguntas com evasivas e parece não se sentir confortável ao falar de si mesmo? "Harry Dean Stanton: Partly Fiction", o documentário de Sophie Huber sobre o ator norte-americano, é um filme que deixa no ar mais dúvidas que respostas.

O filme é tão lindo de aparência quanto vazio de conteúdo. A fotografia é uma beleza, com um preto e branco expressionista; a trilha sonora é minimalista e elegante.

Mas a tentativa de penetrar na história de vida de Stanton, ator de 87 anos e mais de 200 filmes, que lutou no Pacífico na Segunda Guerra e foi amigo de Marlon Branco, encontra um entrevistado reticente e pouco cooperativo.

Stanton não fala, murmura. Diz que não quer falar dos pais ou da juventude. Passa 80% do tempo cantando. Diz não saber se tem filhos. Quando o amigo David Lynch, que o dirigiu em seis longas, pergunta como ele quer ser lembrado, responde: "Não importa". Talvez não importe mesmo. Mas se é o caso, por que aceitou fazer o filme?

Stanton já tinha uma carreira de 30 anos e mais de 130 filmes como coadjuvante, quando Wim Wenders o colocou no papel principal de "Paris, Texas", em 1984.

Ele trabalhou com Coppola, Hitchcock, Monte Hellman, Sam Peckinpah, John Carpenter, Lynch, Ridley Scott e muitos outros. Mas o filme não explora esse passado rico. Há poucas cenas de arquivo e uma ou outra foto de infância.

As entrevistas mais interessantes são de artistas que trabalharam com ele: Wenders, Lynch, Sam Shepard, e Debbie Harry. Shepard elogia seu estilo minimalista e lacônico: "Ele não precisa dizer muito. Seu rosto já é uma história".

E Stanton não diz muito mesmo. Em vez disso, bebe no bar favorito e vaga por Los Angeles com um ar triste. OK, entendemos, ele é um tipo solitário, um desses heróis existencialistas de filme "noir", que somem na escuridão. Mas uma hora e meia de melancolia é demais. E Stanton entedia o espectador, o que nunca fez nos filmes dos outros.


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