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Músico da cena alternativa de Recife estreia em novela

Johnny Hooker surge na trilha e no elenco de 'Geração Brasil', na Globo

No palco, músico de 26 anos mostra cancioneiro brega com figurino inspirado em David Bowie e orixás

GIULIANA DE TOLEDO DE SÃO PAULO

Quem começou a acompanhar na última semana a nova novela das 19h da Globo, "Geração Brasil", já pode ter terminado algum capítulo cantarolando "Alma Sebosa". Isso sem nem conhecer o dono dos versos sofridos que dizem "Acha que a sua indiferença vai acabar comigo?/ Eu sobrevivo, eu sobrevivo".

Por trás desse brega chiclete, usado como tema dos personagens de Leandro Hassum e Taís Araújo, está o cantor e compositor pernambucano Johnny Hooker, 26.

Já conhecido na cena alternativa recifense, o artista ganhou destaque nacional desde o último ano com a música "Volta", tema do filme "Tatuagem", de Hilton Lacerda, outra pedrada dedicada aos corações partidos.

Foi graças ao trabalho no longa que Hooker chamou a atenção de produtores da Globo e conquistou espaço duplo em "Geração Brasil".Além de estar na trilha, também atua. Interpreta Thales, o DJ da banda fictícia Navegabeat e melhor amigo de Manu (Chandelly Braz), a protagonista do folhetim.

As personas do músico real e do personagem, no entanto, não devem ser confundidas. Se Thales, no palco, segue um estilo "hippie de butique", Hooker é uma "coisa meio orixá, cigana e entidade", nas palavras do cantor, que prega a sua própria santíssima trindade.

"Mainha' é Madonna, painho' é David Bowie e o Divino Espírito Santo é Caetano Veloso", conta.

Para fazer jus aos ídolos, no seu figurino, estão uma segunda pele preta transparente, um cinto de moedas douradas e, na cabeça, uma máscara de orixá.

"Quero ser a rainha da dor de cotovelo ostentação", ri ele, que foi um dos destaques do festival Abril Pro Rock, em Olinda, no último mês.

Para Hooker, o show marcou o início de uma nova fase. No seu primeiro álbum, "Roquestar" (2011), seguia um estilo "glam rock", mais voltado ao rock internacional do que às raízes brasileiras que o guiam agora. "Em cada fase, quero contar uma história diferente", diz.

O CD de estreia foi feito depois de vencer o reality show "Geleia do Rock" (Multishow) com a banda Johnny & the Hookers. No grupo, hoje extinto, tocavam, entre outros, o guitarrista Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, morto em 2010.

Já o novo disco, o segundo da carreira, vai se chamar "Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar, Maldito!" e deve sair no final de julho, repleto de canções românticas assumidamente bregas.

"Elas falam de coisas pelas quais todo mundo já passou. Quem está lá no meio da comunidade vai ouvir e chorar e quem está aqui na Barra [da Tijuca, zona oeste do Rio] no alto da sua cobertura com helicóptero também."

PARA INCOMODAR

Johnny vem de seu nome de batismo, John Donovan, mas o "hooker" (prostituta, em inglês) foi adotado como forma de protesto.

Aos 15 anos, se apaixonou por uma colega de classe que era chamada de "puta" pelos colegas. "Pensei se ela é puta, vou me chamar assim também'. Faço isso para desestigmatizar. Sou muito feminista e Recife ainda tem um ranço do machismo."

Apesar da campanha "contra a caretice", o cantor diz não ter se importado em alterar a letra de "Alma Sebosa" para o horário da novela. No lugar de "foder", canta apenas "hmm". "Não atrapalha a narrativa. Só quero que a música chegue para todo mundo."


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