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Crítica - Música erudita

Pianista surpreende ao incluir tom de Schubert em Beethoven

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

Em texto publicado no programa impresso, o crítico Lorenzo Mammì menciona que a relação entre piano e orquestra no "Concerto nº 4" de Beethoven (1770-1827) "já não é um diálogo entre um indivíduo e um grupo, mas a expansão progressiva de um pensamento".

A pianista Mitsuko Uchida parecia ter lido a frase antes de tocar as notas iniciais que imprimiriam o caráter de sua apresentação com a Sinfônica da Rádio da Baviera dirigida por Mariss Jansons, anteontem, na Sala São Paulo.

O esperado seria que o piano assumisse uma dimensão sinfônica, mas Uchida temperou Beethoven com um conjunto matizado de sonoridades, em graus de dinâmica altamente distintos, como se proviessem de outro lugar.

Para que isso desse certo, contou com o suporte de uma orquestra extraordinária. O comprometimento dos músicos é total. Todo gesto do letão Jansons mudava algo no som, mas sem perder profundidade, corpo e delicadeza.

Essa osmose entre proposta visual e resposta sonora tomou proporções ainda maiores na "Sinfonia nº 5" de Shostakovich (1906-75), que não esconde a herança de Mahler (1860-1911) nem a tensão na União Soviética às vésperas da Segunda Guerra.

Voltemos, no entanto, ao concerto que abriu a noite: numa temporada com ótimos pianistas, Uchida surpreende pela capacidade de comentar no som as obras que toca. No bis, revelou o segredo do seu Beethoven: o "Minueto" da "Sonata" op. 78 de Schubert (1797-1828), na mesma tonalidade de sol maior.


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