Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Independente

'Gata Velha' tem diálogo hábil e uma Regina Duarte diferente

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Os frequentadores de festivais de curtas-metragens deram o nome "filme de apartamento" a um tipo recorrente de ficção que dribla as limitações do orçamento com ideias boas ou ruins e usa a casa de alguém como locação.

"Gata Velha Ainda Mia", estreia em longas de Rafael Primot, adota o recurso para contar o encontro de duas mulheres, uma jovem e insegura jornalista e uma escritora madura e amargurada. O espaço único e restrito de um apartamento serve como um ringue onde as duas confrontam forças, se seduzem, compartilham segredos e duelam.

Para que esse tipo de situação basicamente teatral funcione é preciso calibrar dois elementos essenciais: o texto e o elenco. O primeiro, o diretor revela dominar plenamente, com um crescendo de situações, reviravoltas que invertem a tensão pelo sarcasmo e uma habilidade rara para a elaboração de diálogos.

Às vezes ferozes, às vezes patéticas, as falas de "Gata Velha Ainda Mia" são sobretudo farpas que as personagens se atiram. No espaço encerrado que mais parece uma gaiola, a conversa passa a ser um duelo de vida ou morte.

No quesito elenco, o filme ganha com a adesão de Regina Duarte a um papel atípico a sua imagem de boazinha. A veterana transita da potência dramática ao histrionismo e muda para o cômico com uma sutileza que vai assombrar quem só a conhece na TV.

Barbara Paz merece o reconhecimento pela coragem de entrar na jaula e enfrentar a fera, mas quase não sobrevive ao embate. Desde as primeiras falas, vê-se que sua função em cena é de escada, o que desestabiliza o efeito dramático pretendido.

Mas a desvantagem maior reside na forma, na opção pelo close como recurso de captar a expressão das atrizes e que acaba sendo limitador. Depois de 30 minutos, a proximidade torna-se um fardo e o espectador começa a desejar que o longa seja um curta.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página