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'Grace' é recebido com frieza em Cannes

Longa com Nicole Kidman no papel da princesa de Mônaco mistura fato e ficção e levou vaias no festival de cinema

Obra, que já havia sido criticado pela família real, foi chamado de 'um dos piores filmes a passar no evento'

RODRIGO SALEM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CANNES

Os temores da família real de Mônaco com o "tom comercial" do filme "Grace: A Princesa de Mônaco" se confirmaram ontem, na abertura do Festival de Cannes.

O longa de Olivier Dahan ("Piaf "" Um Hino ao Amor") é um dramalhão que, na primeira sessão, foi recebido com um silêncio sepulcral e, em seguida, algumas vaias nos créditos de encerramento.

A reação da imprensa na exibição foi até mais leve do que poderia ter sido. Minutos depois, o longa passou a ganhar críticas bem mais cruéis.

"Grace' está em vias de se tornar um dos piores filmes a passar no festival", estampou o jornal inglês "The Guardian". A francesa "Premiere" foi mais contida: "O longa é uma má refilmagem de O Discurso do Rei'."

O filme traz Nicole Kidman, 46, ultramaquiada --entre outros artifícios-- para viver a Grace Kelly 20 anos mais nova do período em que deixou a carreira de atriz em Hollywood para casar com o príncipe Rainier 3º, de Mônaco.

Ela está tão limitada nos movimentos faciais que Dahan escolhe, em diversos momentos, focar em close os olhos da australiana, suas únicas fontes de emoção.

Se o produtor Harvey Weinstein, também de "O Discurso do Rei", já queria um novo corte para os EUA, concentrado em Grace Kelly como atriz principal de Hitchcock, a reação da abertura em Cannes lhe dará mais poder contra a versão do diretor.

"Só há uma versão e Harvey usará ela", disse Dahan em Cannes. "Se precisar mudar, faremos juntos. Não há mais nenhuma briga e estou satisfeito com a situação atual."

Nicole Kidman ficou mais afetada com a reação do príncipe Albert 2º, que liberou um comunicado antes de Cannes atestando que o longa sobre seus pais "relata uma parte desnecessariamente glamorizada da história de Mônaco e da sua família".

"Obviamente fiquei triste, porque não há malícia em relação à família real ou a Grace. Não é uma biografia, apesar de ter a verdade na essência", disse a atriz.

"Entendo que [os herdeiros] querem proteger a privacidade do pai e da mãe. Tenho maior respeito por eles e quando assistirem ao filme, verão que só há afeição sobre os pais e a história de amor deles."

O filme assume liberdades artísticas em pontos como a construção de um Rainier (Tim Roth) como um homem que dá pouca atenção à mulher, a ida de Hitchcock a Mônaco para convencê-la a estrelar "Marnie, Confissões de Uma Ladra" (1964), e o presidente francês Charles de Gaulle, que ameaçava a soberania da família real, em um baile.

"É uma mistura de ficção e verdade. Precisava dos protagonistas no mesmo lugar, então distorci um pouco a realidade", diz Dahan. "Não sou historiador ou biógrafo. Não queria mostrar fatos, mas falar com o coração."


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