Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Diva da dança volta à cena para viver a diva da ópera

Marilena Ansaldi participa de 'Paixão e Fúria', sobre a vida de Maria Callas

Bailarina e atriz volta ao palco aos 79 anos em coreografia que estreia hoje em SP sobre a soprano que virou mito

IARA BIDERMAN DE SÃO PAULO

Em "Paixão e Fúria "" Callas, o Mito", espetáculo da Studio3 Cia. de Dança que estreia hoje em São Paulo, as histórias de duas divas se encontram.

Há, é claro, a vida da cantora de ópera que inspira a coreografia, a soprano americana de ascendência grega Maria Callas (1923-1977).

Mas há também a presença da grande dama da dança-teatro no Brasil, Marilena Ansaldi, 79.

Quase seis anos depois de ter encerrado oficialmente a carreira, com uma performance para a série de documentários "Figuras da Dança", Ansaldi volta ao lugar em que mais gosta de estar.

"Tenho necessidade de estar no palco. O que me dá força é essa paixão, sem ela nem sairia da cama de tantas dores que tenho no corpo. Mas estar em cena é uma dor feliz", diz Ansaldi à Folha antes de um ensaio na sede da companhia, em São Paulo.

Ela considera a volta à cena "um dos grandes milagres" de sua vida. Em 2012, teve uma infecção no pulmão que a fez ligar para José Possi Neto, diretor do espetáculo. "Disse para ele que eu estava morrendo", conta.

Junto com a bailarina Vera Lafer, codiretora artística do Studio3, Possi providenciou a internação de Ansaldi. Depois de se recuperar, ela foi convidada pelo diretor para a nova produção.

"Marilena voltou com tudo, fiquei impressionado em vê-la com toda essa energia. Ela trouxe toda a paixão e a fúria que Callas sempre teve", diz Possi, que já havia dirigido Ansaldi em três produções entre os anos 1979 e 1982.

Foi em meados da década de 1970 que a até então bailarina clássica, que chegou a ser solista do balé russo Bolshoi, partiu em busca de novas formas de expressão. Essa procura resultou nos primeiros espetáculos de dança-teatro no país, como "Isso ou Aquilo", de 1975, e "Escuta Zé!", de 1977.

"O Brasil tem uma memória muito pequena sobre os grandes nomes das artes. Mas trabalhar com essas pessoas me dá um material artístico e humano que poucos têm", diz Anselmo Zolla, coreógrafo do espetáculo e um dos diretores do Studio3.

Ele afirma que o perfil da companhia é trabalhar menos com o vigor e a potência dos bailarinos do que com a teatralidade e a qualidade de gestos e movimentos.

Somada a essas qualidades, a contribuição de Ansaldi foi ainda mais interessante pela ligação da artista com o mundo da ópera. "Seu pai era tenor e a mãe cantava em coro lírico", conta Zolla.

Além de dançar, no início de "Paixão e Fúria", Ansaldi solta a voz. "É até assustador ela ter uma voz tão potente nessa idade", diz Possi.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página