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Festival de teatro no Rio encena montagens na casa do espectador

Evento gratuito tem textos com histórias de quem vive nos locais

LUIZA MELLO FRANCO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA MATHEUS MAGENTA EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

O pai de Michel e Michele Silva, o faxineiro Paulo Afonso Silva, ainda não sabe o que acontecerá na sala de sua casa, na favela da Rocinha, na noite de amanhã.

Ela será palco de uma cena de 20 minutos, parte do festival Home Theatre, que tem programação gratuita e ocorre no Rio entre amanhã e o dia 25. Segundo a organização, o evento custou R$ 170 mil, com apoio de R$ 70 mil da prefeitura.

A proposta é levar o teatro para dentro de 50 casas de diversos bairros, em quatro mostras: "Cenas em Casa", "Memórias de uma Casa", "Meu Prédio Tem História" e "Teatro na Porta".

Segundo Michele, as únicas peças a que sua mãe, Josita, 60, assistiu na vida foram na escola dos filhos. Está preocupada com o que vai oferecer ao público, que será composto por convidados da família e dos organizadores.

Marcus Faustini, o escritor, cineasta e diretor teatral que idealizou e organizou o festival, diz que gostaria que um deles fosse o coronel da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). A cena escolhida se baseia num caso de violência sexual e assassinato ocorrido na Rocinha em março.

Para Faustini, o festival só poderia ter sido inventado no Rio, devido às contradições da cidade. O lugar onde acontece a mostra "Memória de uma Casa" é símbolo desses contrastes: uma casa vazia no Jardim Pernambuco, onde ficam alguns dos imóveis mais caros do Leblon, na zona sul.

Lá a Cia. Terceiro Mundo montará uma peça em que os espectadores são direcionados por um audioguia. "A ideia é que cada um tenha uma experiência diferente", diz a atriz Flora Diegues.

Já um edifício no bairro da Pavuna, na zona norte, receberá a mostra "Meu Prédio Tem História", que se baseia nas vidas dos moradores.

Fátima Sousa, 52, é uma das que terão sua história contada. Ela ainda não sabe como será o texto, mas, da sua vida, destaca a maternidade.

"Quando engravidei, meu namorado disse que estava morto para mim. No dia seguinte, mandei uma coroa de flores dizendo descanse em paz, saudades eternas'", conta ela, às gargalhadas.


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