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Flor tipo exportação

Quase desconhecida no Brasil, banda goiana Boogarins, que tem o nome retirado da botânica, faz temporada curta em casa após quase 60 shows na Europa e nos EUA; psicodelia inspirada nos anos 1960 conquistou gravadora americana

GIULIANA DE TOLEDO DE SÃO PAULO

Nos últimos dois meses, foram poucos os dias em que a banda goiana Boogarins não subiu ao palco e apresentou seu rock psicodélico inspirado nos anos 1960 para plateias na Europa e nos EUA.

O grupo, com só um ano de estrada, já cumpriu uma agenda de quase 60 shows em oito países --em parte deles, abrindo para as bandas Of Montreal (EUA) e Temples (Inglaterra), dois nomes fortes no cenário indie atual.

"A gente fez mais shows nesses dois meses do que tinha feito na vida inteira", conta e ri o guitarrista Benke Ferraz, 20, que criou o Boogarins em parceria com o vocalista e também guitarrista Fernando Almeida, o Dinho, 21. Para completar o quarteto, depois entraram Hans Castro, 25, na bateria, e Raphael Vaz, 23, no baixo.

Neste sábado (17), a banda ganha uma chance breve de matar a saudade de casa. Vai tocar no festival independente Bananada, em Goiânia.

Já para quem mora em São Paulo, a oportunidade de vê-los é na próxima sexta (23), em festa com bandas brasileiras escaladas para o festival Primavera Sound, em Barcelona. A festa ocorre também em Brasília, no dia 22.

O evento espanhol será a última parada desta turnê, que começou no festival americano SXSW, um dos mais importantes do mundo para bandas alternativas.

Após o show catalão, vão entrar em estúdio, na Espanha mesmo, para produzir seu segundo disco, que deve sair até o início de 2015. Depois, nada de descanso.

Os Boogarins vão emendar mais dois meses de apresentações pelo verão da Europa e dos EUA. Devem voltar ao Brasil só em setembro.

Contra todas as previsões --por serem desconhecidos e cantarem em português--, engataram essa agenda intensa após lançar o disco de estreia por uma gravadora indie americana, no ano passado.

No Brasil, no entanto, o álbum nem saiu em versão física, em função do custo alto de importação. O título, "As Plantam que Curam" --em referência a uma pinga medicinal da avó de Benke--, acompanha a referência botânica que resultou no nome da banda, derivado da flor bogarim.

O contrato para o CD surgiu de repente. Para mostrar o disco, gravado em casa pelos próprios músicos, Benke disparou e-mails para blogs nacionais e estrangeiros.

FLOR E AMOR

Com isso, lá na Carolina do Norte, o empresário americano Gordon Zacharias, 42, conheceu a banda, decidiu se oferecer para gerenciá-los e logo descolou uma proposta do selo Other Music. "Foi amor à primeira ouvida' para mim. As melodias são atemporais e há uma beleza sem esforço no que eles fazem", diz Zacharias.

O selo faz parte da gravadora Fat Possum, que tem no catálogo Iggy Pop, Band of Horses e Black Keys.

"Quando o contrato chegou, rachamos o bico lendo. Parecia zoação. A gente pensou que era alguém tirando onda", diz Dinho, principal compositor da banda, que cita Mutantes, Syd Barrett e Júpiter Maçã como influências.

Zacharias, porém, falava sério. Segundo ele, o português não é barreira para uma carreira internacional, mas sim um ponto forte. "Espero vê-los sendo parte de uma reignição do rock, cantado em língua nativa."

O idioma exótico também ajudou na aceitação da gravadora. "Com o histórico de ótima música psicodélica no Brasil, desde a Tropicália, os fãs estão muito abertos à língua", avalia Josh Madell, dono da Other Music.


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