Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Time de fotógrafas expõe novos lados do futebol feminino no país

Imagens mostram de garotas do Rio a freiras e índias em campo

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Elas esperam a maré baixar, montam as traves e vão a campo. Mesmo jogando na vazante enlameada do Amazonas, as mulheres de Macapá usam batom e têm sempre sutiã e calcinha "bonitinhos" por baixo para o banho de rio depois de partidas suadas.

Na praia de Ipanema, garotas de biquíni mandam ver na "altinha", a brincadeira de chutar a bola numa rodinha sem nunca deixar cair.

Freiras num hospital paulistano e índias de tribos do Pará ao Mato Grosso também aderem à bola. Menos de um mês antes da Copa do Mundo, uma mostra no Centro Cultural São Paulo escalou um time de 11 mulheres para retratar os --muitos-- lados femininos do futebol.

"Elas não têm um olhar tão fechado e pesado como o masculino", diz Diógenes Moura, curador da exposição. "Essas fotógrafas conviveram com um Brasil real, sem apelos. Não é tudo centrado no fatídico eixo Rio-São Paulo. É a imagem do nosso rosto."

Ou do rosto de todas elas. Em "As Donas da Bola", estão fotografias que sepultam a ideia do futebol como território exclusivo dos homens.

E essas mulheres parecem mesmo à vontade em campo. Ana Carolina Fernandes, que fez o ensaio sobre os jogos na lama de Macapá, notou isso durante os sete dias que passou fotografando na cidade.

"Mesmo num futebol jogado na lama, existe uma feminilidade, uma delicadeza", conta Fernandes. "Elas arrumam o cabelo, têm as unhas feitas, mas todo jogo acaba num banho de rio. Mulher fotografando mulher tem isso de pegar a sensualidade."

Luciana Whitaker, que retratou os jogos de "altinha" em Ipanema, tinha um cenário deslumbrante a seu favor, além de belas mulheres. Mas nenhuma se esquiva da bola, jogam com propriedade e desafiam os homens --meros coadjuvantes-- nas fotos.

"É a coisa mais linda da praia", diz Whitaker. "São as deusas da zona sul, as garotas de Ipanema, todas lindas, que jogam desde pequenas."

Mas esse não é um campo só de mocinhas. Marlene Bergamo, repórter-fotográfica da Folha, mostra as mulheres duronas que trabalham como técnicas de times de várzea, e Bel Pedrosa, outra fotógrafa da mostra, retratou o mundo das torcedoras fanáticas.

Outra fotografia, de Luludi Melo, mostra uma torcedora anônima, uma senhora negra com purpurina no rosto que balança uma bandeirinha do Brasil na arquibancada. Nas palavras do curador da mostra, é o retrato da "alegria fajuta" que move o país.

PELADAS COM COCAR

Mas longe das grandes cidades, outro tipo de alegria domina o jogo das mulheres.

Nair Benedicto, que já havia fotografado tribos indígenas, descobriu um novo universo quando soube de uma olimpíada dos índios no Mato Grosso, com um campeonato de futebol só de índias.

Seu ensaio mostra mulheres adornadas com penas e cocares no calor da partida.

"Tenho amigos que dizem que futebol é barra pesada para as mulheres, porque a gente tem peitos e menstruação. Mas isso é uma coisa que está rolando até nas tribos", diz Benedicto. "Nem sabia que elas jogavam tão bem."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página