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Crítica Drama

Com boa direção de atores, filme desliza na metade final

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

"O Passado" divide-se em duas partes. Na primeira, lançam-se os dados da questão: o iraniano Ahmad chega à França para assinar os papéis da separação com sua ex-mulher, Marie.

Ahmad voltou ao Irã por não suportar mais viver fora de seu país, mas continua a ser a referência masculina dos filhos de Marie (que não são filhos dele). Aliás, a filha adolescente não suporta a ideia de que a mãe case de novo. E Marie quer o divórcio justamente para poder se casar outra vez.

Toda a primeira metade do filme do iraniano Asghar Farhadi é perfeitamente dominada: um forte sentido de atmosfera o leva a construir relações tensas, em que o não dito de amores não resolvidos, de pendências características das famílias atuais se manifesta na forma de um belo melodrama contemporâneo.

Na segunda parte do filme, os problemas começam porque Samir, o atual noivo de Marie, ainda não é bem um viúvo: sua mulher está inconsciente após uma tentativa de suicídio.

É daí, aliás, que provêm os problemas de construção do filme. Por trás dessa tentativa de suicídio, existem questões não esclarecidas. Passamos, com isso, do melodrama OK a um policial bem menos convincente, em que são lançadas questões (no estilo: quem é o culpado?) que interessam muito mais ao roteiro do que ao espectador.

O fato é que a primeira metade do filme, marcada por várias cenas que acentuam a inconstância dos sentimentos (o encontro no aeroporto, a chegada do ex-casal à casa de Marie, as fugas da filha etc.), vale a visão da obra e torna a segunda palatável.

Ainda há uma boa direção de atores (pelo papel de Marie, Bérénice Bejo levou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes no ano passado, por sinal).

No entanto, essa incursão europeia de Farhadi (de "A Separação", Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012) também ilustra os limites de um cineasta basicamente tradicional.


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