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'O Passado' investiga dinâmicas familiares

Novo filme do diretor iraniano Asghar Farhadi, de 'A Separação', foi gravado na França

RODRIGO SALEM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CANNES

O diretor iraniano Asghar Farhadi poderia ter seguido qualquer caminho após o Oscar de melhor filme estrangeiro por "A Separação" (2011). Mas em time que está ganhando, não se muda.

É assim que o cineasta encara seu primeiro longa depois da aclamação mundial: "O Passado" (2013), que novamente busca entender as dinâmicas nem sempre claras do funcionamento do núcleo familiar.

"É um ponto em comum que me atrai. A família pode ser vista como um redutor mínimo de nossa sociedade", diz o diretor à Folha. "Sinto que caminho pela mesma trilha dos meus outros quatro filmes, e não há uma mudança drástica como diretor."

"O Passado" segue Ahmad (Ali Mosaffa), iraniano que, após morar em Teerã por quatro anos, retorna a Paris para assinar os papéis de divórcio com ex-mulher, Marie (Bérénice Bejo, em uma interpretação que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz em Cannes no ano passado).

Ela mora na capital francesa com outro homem (Tahar Rahim) e com os filhos (nenhum de Ahmad), mas vê toda essa estrutura ruir com a presença do ex-marido.

O novo filme é bem mais ambicioso que "A Separação". Farhadi filmou pela primeira vez na França e seu uso de detalhes despercebidos para mudar o curso da trama é bem melhor explorado.

"Tentei criar camadas mais profundas desta vez, talvez por isso o filme dê a impressão de possuir uma grandiosidade técnica", conta. "Filmar fora do Irã foi uma experiência prazerosa e inédita, mas também gosto de trabalhar em casa."

Mesmo assim, Farhadi não está alheio aos problemas enfrentados por seus colegas que enfrentam censura no Irã, como Jafar Panahi ("Isto Não É um Filme"), em prisão domiciliar e banido de filmar pelo governo local.

"Não precisei lidar com meu governo, mas todos os diretores do meu país estão trabalhando para que isso não ocorra com outros e estão tentando deixar Panahi trabalhar livremente", diz.

"Há dois tipos de censura: a oficial e a pessoal, que é mais perigosa, porque você mesmo determina o que deve fazer antes de ser barrado. Não encaro as restrições como um obstáculo. Talvez, sem a sombra delas, eu fosse outro diretor."

Uma das grandes diferenças na nova obra é a falta de influência religiosa no trajeto emocional dos personagens, aspecto mais comum na filmografia de Farhadi.

"Não há sinal de religião na história, mas há dilemas morais que podem ser interpretados dessa forma."

"O longa é sobre perdão e pazes com o passado e o pedido de perdão está mais presente na cultura ocidental. O fato de ser mais fácil ser perdoado por ações passadas tem uma raiz religiosa", afirma.


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