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Crítica - Drama

Diretor de 'O Artista' falha em retrato redundante de guerra

'THE SEARCH' É LONGO E BASTANTE INEFICAZ EM SEUS OBJETIVOS, PRINCIPALMENTE O DE DENUNCIAR OS HORRORES DA GUERRA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CANNES

Em 2011, o Festival de Cannes produziu um de seus fenômenos mais impressionantes.

Programado para uma exibição "hors concours", o pequeno filme "O Artista", em preto e branco e sem diálogos, foi comprado pelo distribuidor americano Harvey Weinstein, recebeu um "upgrade" para a competição e saiu do festival com o prêmio de melhor ator, para Jean Dujardin.

Foi o início de uma escalada que culminou em cinco prêmios no Oscar, incluindo melhor filme, diretor e ator, e US$ 133 milhões em bilheteria.

O francês Michel Hazanavicius, até então visto como um modesto diretor de comédias locais, foi alçado à categoria "classe A", e seu longa seguinte passou a ser ansiosamente aguardado, pelo menos por agentes do mercado.

Três anos depois, esse longa acaba de vir à tona no mesmo Festival de Cannes. "The Search" foi apresentado nesta quarta-feira (21) na competição pela Palma de Ouro.

Hazanavicius atendeu à demanda que se instalou depois de "O Artista" e realizou um projeto sério, moldado para festivais e premiações.

Seu novo filme é um melodrama épico situado na guerra da Tchetchênia, que toma como inspiração um filme de Fred Zinnemann de 1948, também chamado "The Search" (no Brasil, "Perdidos na Tormenta").

Mas se o filme de Zinnemann, que se passa em Berlim logo após o término da Segunda Guerra, é uma pérola de concisão (tem apenas uma hora e meia) e do uso econômico de meios para obter fortes efeitos dramáticos, o novo "The Search" é longo (duas horas e meia), redundante e bastante ineficaz em seus objetivos --principalmente o de ser uma denúncia dos horrores da guerra.

Uma mudança crucial em relação ao filme de 1948 é sintomática. Na obra de Zinnemann, um menino que se perdeu da mãe quando levado para um campo de concentração recebe os cuidados de um soldado americano (Montgomery Clift) após a libertação dos campos.

Na versão de Hazanavicius, o soldado existe, mas jamais cruza com a criança. Ele é protagonista de uma trama à parte, cujo objetivo é demonstrar como a estrutura da guerra transforma um adolescente de 19 anos em máquina de ódio.

É como se Hazanavicius quisesse dizer que, após a Segunda Guerra (a "última guerra justa"), a possibilidade de existência de um soldado inocente não mais existisse.

Esse é o aspecto mais complicado do filme, não só por tirar o foco da trama central, mas, sobretudo, por transformá-lo num retrato simplista da guerra, em que os russos são pintados como terríveis vilões.


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