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Crítica - Comédia dramática

'Uma Longa Queda' sofre com personagens que não evoluem

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

Em "Uma Longa Queda", quatro suicidas se encontram no alto de um edifício em Londres, na noite de ano novo. Como consequência desse estranho congestionamento, ninguém acaba se atirando. Ao contrário, em torno das desgraças de cada um deles, começa a se formar ali uma espécie de sociedade, quase amizade, entre eles.

Esta é a sequência que dá ou deveria dar o tom do filme: com efeito, cada um deles tem problemas que parecem insolúveis: Martin (Pierce Brosnan) é o ex-famoso apresentador de TV, acusado de pedofilia. Sofre de humilhação permanente. Maureen (Toni Collette) tem um filho paralítico. Jess (Imogen Poots) sofre por lhe faltar atenção, e JJ (Aaron Paul) teria um câncer inoperável no cérebro.

Diante de um quadro de tantas desgraças há duas soluções: ou se opta pela comédia ou pelo melodrama. O início sugere uma bela comédia, a partir do momento em que Martin, preparando-se para se atirar, é incomodado pela presença de Maureen, que chega com o mesmo objetivo.

Até pela escolha de certos aspectos na vida de cada um (a paralisia cerebral do filho de Maureen, por exemplo), não é possível manter esse tom. No entanto, algo se constrói: uma intimidade entre essas pessoas. E, melhor ainda, um propósito: olhando uns aos outros, eles podem encontrar razões para continuar vivos.

Essa termina por ser a ideia forte do filme: a de reencontro com a vida, mesmo quando se vive situações penosas. Uma ideia abstrata, que por vezes parece estar a ponto de se concretizar nos personagens e em outros momentos perde-se em aspectos e situações dispersivos.

Não por acaso, o espectador sente vivamente a falta de unidade na direção de atores (cada um parece levar seu personagem para onde bem entende) e a incompletude na evolução dos personagens. Aliás, e não por acaso, quem melhor aparece é um ator em papel secundário: Sam Neill, como o pai de Jess.


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