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'Minha obra não foi fabricada pelo marketing', diz autor de best-seller

Sexto livro de Joël Dicker, 'Harry Quebert' vendeu mais de 1 milhão de exemplares na França

Autor estará na Flip em 31/7; aos 12 anos, leu 'Meu Pé de Laranja Lima', livro pelo qual se diz apaixonado

MARCO RODRIGO ALMEIDA DE SÃO PAULO

Nos últimos dois anos a vida de Joël Dicker se tornou, como ele mesmo gosta de definir, um "redemoinho maluco".

Em janeiro de 2012, era um escritor desconhecido de quatro livros recusados por editoras. Hoje, aos 28 anos, é chamado de "fenômeno mundial" e a "coisa mais excitante exportada pela Suíça desde o tenista Roger Federer".

O turbilhão que tomou sua vida surgiu em setembro de 2012, quando Dicker publicou na França "A Verdade sobre o Caso Harry Quebert".

O livro chega agora ao Brasil, lançado pela editora Intrínseca, cercado de altas expectativas. No final de julho, o autor vem ao Brasil a convite da Flip, onde participa de debate, no dia 31, com a escritora neozelandesa Eleanor Catton.

"Harry Quebert" é um catatau de quase 600 páginas e vários personagens, repleto de jogos metalinguísticos, cuja história, escrita originalmente em francês, transcorre no interior dos EUA, oscilando entre passado e presente.

Não parece exatamente a receita de um best-seller internacional, mas foi exatamente isso que ele se tornou.

Durante a Feira do Livro de Frankfurt de 2012, um mês após o lançamento, todo o mundo só falava de Dicker.

"É realmente mágico tudo o que vem ocorrendo", diz o autor, por telefone, de Genebra. "Meu livro não foi fabricado pelo marketing. As pessoas realmente gostaram. Foi tudo muito espontâneo."

O romance já foi vendido para mais de 30 países. Na Itália e na Espanha, alcançou o topo da lista dos mais vendidos, desbancando "Inferno", de Dan Brown.

Na França, chegou a 1 milhão de cópias vendidas, venceu o grande prêmio de romance da Academia Francesa e foi finalista do Goncourt, a mais prestigiada honraria literária do país.

Com raras exceções (como a crítica ao lado), Dicker e seu romance vêm colhendo incontáveis elogios. O "Guardian", por exemplo, definiu o livro como "uma história de mistério e assassinato brilhantemente intricada".

"A Verdade sobre o Caso Harry Quebert" é narrado por Marcus Goldman, famoso escritor de 28 anos que tenta livrar seu mentor, o Harry do título, da acusação de assassinato de uma garota de 15 anos. Da investigação de Goldman emerge uma trama envolvendo pedofilia, satanismo e fanatismo religioso.

Por trás desse quiproquó, o romance debate a própria literatura. O livro de Dicker comenta o livro de Goldman, que comenta o livro Quebert, e por aí vai, numa cadeia em que uma obra ilumina a outra.

PERSISTÊNCIA

Muitos leitores e críticos viram no personagem principal uma espécie de profecia do que ocorreria com Dicker. Criador e criatura alcançaram o sucesso com a mesma idade e partilham algumas experiências assustadoras da fama (como ver seu rosto estampado em estações de metrô).

"Mas são muito maiores nossas diferenças", explica Dicker. "Goldman estourou logo no primeiro romance. Eu já escrevo diariamente há oito anos. Este é meu sexto romance. Escrevi o primeiro, e foi recusado. Então escrevi o segundo, e também foi recusado. E assim foi com o terceiro e o quarto. Hoje percebo que era muito jovem, os livros não estavam maduros."

O quinto livro, "Les Derniers Jours de Nos Pères" (os últimos dias de nossos pais), o primeiro publicado (2012), passou em branco nas livrarias.

Desanimado, Dicker criou "Harry Quebert" sem expectativas. "Escrevi para me divertir. Como pensei que também seria recusado, decidi escrever este último livro e depois me dedicar a outra coisa. Ainda bem que estava enganado", conta, aos risos.

"Harry Quebert" atraiu a atenção do mesmo editor francês do livro anterior de Dicker. O resto é história. Na semana que vem, ele parte para uma série de atividades promocionais nos Estados Unidos. E diz que não vê a hora de conhecer o Brasil.

"Ouvi dizer que Paraty é uma cidade linda. Gostaria de poder chegar mais cedo aí para ver o começo da Copa."

Dicker conhece pouco da literatura brasileira, mas afirma que um livro o marcou especialmente.

"Quando tinha uns 12 anos, li a tradução francesa de um livro absolutamente maravilhoso, Meu Pé de Laranja Lima'", conta, citando em um português carregado o título do clássico infantil de José Mauro de Vasconcelos.

"Eu amo esse livro, é uma obra-prima. Acho que todo mundo deveria ler."


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