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Crítica - Romance

Lançamento de suíço não passa de uma leitura de banheiro

JOCA REINERS TERRON ESPECIAL PARA A FOLHA

Qual é a verdade sobre o caso Joël Dicker? Para início de conversa, não ouça o marketing editorial: "A Verdade sobre o Caso Harry Quebert", romance do quase impúbere autor suíço, não é o prodígio imaginativo que vendem.

Tem certa engenhosidade (abalada por múltiplos equívocos), mas também estilo tão ruim que leva aos prantos e muitas ideias roubadas. A essencial delas, o enredo inicial de Vladimir Nabokov, não deve ser incômodo.

Como é conhecido, o genial russo meteu a mão no conto obscuro do alemão Heinz von Lichberg publicado em 1916 e transformou-o em obra-prima: "Lolita". Depois disso, o original voltou ao esquecimento e a literatura mundial ganhou uma joia. Surrupiada, mas de brilho incessante.

Embora possa ser perdoado por roubar ladrão, Dicker não merece cem anos de perdão, além de ser improvável que seu livro seja lembrado por tanto tempo, pois não passa de leitura de sanitário.

Eis parte da trama: Marcus Goldman, jovem escritor disposto a tudo para repetir o êxito de seu primeiro best-seller, retorna à cidadezinha da Nova Inglaterra onde deu seus primeiros tropicões literários sob orientação de Harry Quebert, professor da universidade local.

Goldman está bloqueado e não consegue atender à pressão de seu editor. Necessita do auxílio de Quebert e termina por recebê-lo inesperadamente quando jardineiros encontram o cadáver de Nola, lolita de 15 anos, enterrado no jardim da casa do mestre.

A relação mestre/pupilo é usada na estruturação em 31 capítulos em contagem regressiva. A cada início, um fragmento de autoajuda no qual Quebert repete obtusidades sobre o "amor proibido" entre ele e Nola, de cujo assassinato é acusado, além de lugares-comuns sobre escrita.

Basta escolher a esmo um diálogo para desatar o choro. Exemplo: "Marcus, sabe qual é o único jeito de medir o quanto você ama uma pessoa?". "Não." "Perdendo-a." Por aí vai, ou pior: não vai, devido à verborreia, acrescida de pontos de exclamação fora de controle.

E fim de papo: prefira assistir às séries excelentes desta gloriosa "era teleshakespeare" como "Breaking Bad". O tempo é escasso, e a vida, curta para a desperdiçarmos com diálogos ruins.


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