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Análise

A má atriz que virou a maior celebridade dos nossos tempos

SÉRGIO DÁVILA EDITOR-EXECUTIVO

Já faz alguns anos que Angelina Jolie destronou Madonna do posto de celebridade mais interessante do mundo. E isso não aconteceu por acaso. É um "plano de governo", como no caso da antecessora.

Ela nunca seria tão conhecida se tivesse concentrado esforços apenas em sua carreira. Má atriz, recebeu o Oscar pelo que foi, talvez, seu único bom papel no cinema, em "Garota, Interrompida" (1999). E já chegou mostrando que atropelaria quem estivesse no caminho.

Naquele filme, Winona Ryder foi a vítima. O longa era produzido por ela, que protagonizava a história da menina internada pelos pais por querer ser adolescente num tempo em que esse conceito não existia. Angelina interpretava uma versão no volume máximo dela mesma -uma menina bonita com mania de ter problemas e muita vontade de aparecer.

Foi premiada e confirmou a tese: beijou na boca o irmão, a quem dedicou a estatueta, e disse que estava muito apaixonada por ele. Depois, não fez nada contra quem insinuou que os dois tivessem um romance incestuoso.

Que outras atuações são memoráveis? "Lara Croft" e seu sotaque britânico? "O Turista" e seus suspiros risíveis? "A Troca", o mais esquecível Clint Eastwood? "O Preço da Coragem", em que vive uma francesa mulata? "Alexandre", valha-nos Deus?

É quase vergonhoso fazer uma busca aos filmes da atriz. Nenhum deve passar pelo teste do tempo.

Eu a entrevistei por um destes, "60 Segundos", em que ela e Nicolas Cage são parceiros numa gangue de ladrões especializada em carros esportivos de luxo. Foi em Atenas, no verão grego de 2000. Nos bastidores, a atriz dominava, esbanjando simpatia e flertes; na tela, a Ferrari Testarossa 1987, um dos 50 carros roubados pela dupla, tinha uma atuação mais convincente.

Em contraposição a sua filmografia, responda a um teste rápido: De quem ela roubou o marido? Com quem é casada? Que cirurgia fez recentemente? Angelina Jolie é uma personalidade brilhante, e sua vida pessoal é o seu maior ativo.

Nada disso quer dizer que seja mal-intencionada. É apenas uma atriz sem talento, que se descobriu imensamente talentosa na maneira de levar a vida. E toma decisões interessantes, inteligentes e ousadas, como ser ela mesma a escrever sobre sua dupla mastectomia preventiva num artigo para o "New York Times" ou a divulgar as fotos dos bebês de sua família de comercial da Benetton.

Isso tudo sem deixar por um minuto que pensemos que ela não pode jogar tudo para o alto e fazer uma última loucura. Se for esperta, e é, jamais deixará que o mundo acredite quando ela fala que a família está em primeiro lugar. Angelina Jolie domesticada é o fim do mito.


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