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Criador da camisa canarinho é celebrado em festival

Filme mostra o gaúcho Aldyr Schlee, 79, que desenhou uniforme da seleção após vencer concurso em 1954

PEDRO DINIZ COLUNISTA DA FOLHA

A personalidade mais aguardada da abertura do festival Cinefoot nesta quinta-feira (29), no estádio do Pacaembu, não será um jogador de futebol, mas sim um professor aposentado e desenhista nas horas vagas.

Sessenta anos após criar a primeira camisa canarinho, usada pelos jogadores da seleção brasileira em competições, o gaúcho Aldyr Schlee, 79, subirá ao palco do evento para ser homenageado ao lado Rene Goya Filho, diretor do curta-metragem "Gaúchos Canarinhos" (2007).

O documentário conta a origem da camisa verde e amarela, desde o concurso promovido pelo jornal "Correio da Manhã", em 1954, que convocava qualquer um a desenhar sua versão da peça.

"A exigência era que a camisa tivesse as cores da bandeira. Minha ideia foi desmembrá-las em todo o uniforme. Por isso a camisa é verde e amarela, pois o calção é azul e as meias, brancas", diz Schlee, que venceu e ganhou na época um valor equivalente ao de um carro popular.

O ex-professor, que tinha 19 anos, assinou um termo com a então Confederação Brasileira de Desportos, no qual autorizava a transformação de sua criação em domínio público.

Depois da fundação da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em 1979, o documento assinado por Schlee perdeu seu valor jurídico.

"Nunca recebi royalties pela camisa, mas também não fui atrás porque acredito que é patrimônio do Brasil. Mas acho que a CBF morre de medo de mim", brinca Schlee.

Ele faz críticas ao novo look da seleção, criado pela equipe de estilo da marca americana Nike, que, segundo ele, trata o Brasil com desdém.

"Aquela gola em y' só é usada em pijama", diz, citando o novo desenho. "É uma vergonha que a CBF se renda dessa forma aos interesses de uma empresa que investe muito mais nos uniformes dos outros times. Já viu o da Inglaterra? O tecido é muito melhor", compara.

Na época em que criou a camisa canarinho, Schlee foi beneficiado pelo desenvolvimento da indústria têxil nacional, que passou a produzir tecidos cujas cores não desbotavam após a lavagem. "Antes, era tudo preto e branco porque a tinta não pegava", relembra.

Schlee compara as manifestações contra a realização da Copa com o clima de insatisfação dos brasileiros em relação à seleção nos anos 1950. A nova camisa e a conquista do Pan-Americano de 1956, no México, injetaram ânimo nos torcedores, acredita.

"Agora, não é a camisa que vai reaproximar as pessoas da seleção. O futebol, neste ano, virou palanque para os partidos políticos. Uns esperam que o título ajude na reeleição, outros contam com uma possível derrota para tirar quem está no governo. É triste", avalia.


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