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Relicário em cena

Musical sobre a vida e a obra de Cássia Eller estreia no Rio depois de um longo processo até a aprovação da produção por familiares da cantora

ADRIANO BARCELOS DO RIO

Entre os mais aguardados na sequência de musicais biográficos em cartaz, "Cássia Eller", chega aos palcos marcado por uma trajetória errante, uma aposta em uma protagonista tímida e desconhecida, a curitibana Tacy de Campos, 24, e pelo frisson que a cantora morta em 2001 causa até hoje.

A estreia no Rio para convidados, na quinta-feira (29), foi um desfecho que parecia improvável há quatro anos, quando a produção começou a ganhar corpo.

A autorização para levar a vida e a obra de Cássia Eller (1962-2001) aos palcos só veio após um longo processo de persuasão de sua família.

Idealizador e produtor da peça, Gustavo Nunes afirma que a ideia do musical foi vista com simpatia pela ex-companheira da cantora, Maria Eugênia Vieira Martins, mas houve muitas idas e vindas até se chegar a um texto final.

Em 2012, Nunes teve o que a princípio lhe pareceu uma boa ideia: selecionar a intérprete da cantora em um reality show, que seria exibido pelo canal Multishow.

As inscrições foram abertas, mas a ideia não vingou. O produtor diz que a decisão de desistir foi coletiva.

A produção passou por nova mudança em 2013, quando o diretor original, Ernesto Piccolo, saiu do projeto.

Na mesma época, o jornal "O Globo" noticiou que a família havia retirado a autorização para o musical.

A razão para a alteração não foi divulgada na época. Nunes diz não ter como explicar a substituição de Piccolo por João Fonseca (dos musicais sobre Tim Maia e Cazuza) e Vinicius Arneiro.

Piccolo, amigo do produtor e parceiro dele em outros projetos, não esconde a frustração. "Eu não sei, formei a equipe... Mas, no decorrer da história, parece que a família não ficou muito a fim que eu dirigisse", disse à Folha.

Trocado o diretor, o trabalho seguiu com o roteiro sob responsabilidade de Patrícia Andrade ("2 Filhos de Francisco", "Elis, a Musical").

A família de Eller acompanhou o processo de perto. Lan Lan, que foi amiga da cantora e integrante de sua banda, ficou com a direção musical do projeto e ajudou "a moldar uma Cássia mais próxima do real", segundo Andrade.

Abandonada a ideia do reality show, a seleção da protagonista foi feita em audições, que tiveram mais de mil mulheres inscritas --e até alguns homens.

A escolhida foi Tacy de Campos, cantora da cena underground curitibana, onde fazia cover de Eller à frente da banda Os Marginais.

ATITUDE

Sem experiência como atriz, Tacy tem ainda em comum com a personagem que representa a voz potente, a preferência por mulheres e atitude de sobra, além de uma timidez acentuada.

Constrangida diante dos jornalistas, a curitibana não teve dúvidas sobre qual era a passagem mais difícil do musical para ela: "As cenas de maternidade".

As respostas de Tacy saem cruas, como se fossem da própria Eller. "É estranho para mim, isso de viver outra pessoa, mas decorar texto é difícil pra caralho!"

Tacy sente-se mais à vontade no palco, e ainda mais com o violão na mão. Ao longo de duas horas, são 34 canções para reviver a cantora, entrelaçadas com a história de vida de Eller entre os 18 anos, idade em que ela expõe a homossexualidade, e a morte precoce, no auge da carreira, aos 39 anos.

Os demais seis atores em cena se desdobram para fazer mais de um personagem. Emerson Espíndola é um dos destaques e interpreta, entre outros, o músico Nando Reis.

O mais experiente é Mario Hermeto, que sobe ao palco como o pai da cantora e também como o cantor Oswaldo Montenegro. Atuam ainda Thainá Gallo, Eline Porto, Jana Figarella e Evelyn Castro.

"Cássia Eller - O Musical" teve financiamento aprovado na Lei Rouanet para captação de até R$ 5,2 milhões. Até o momento, segundo o Ministério da Cultura, foram captados R$ 950 mil. Os principais financiadores são o Grupo Segurador Banco do Brasil e a Eletrobrás.


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