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Touradas na visão de Goya, Dalí e Picasso são tema de exposição
Obras em São Paulo mostram embate entre razão e força bruta
É um embate entre homem e fera. Ou da razão contra a força bruta. Artistas como Francisco de Goya, Pablo Picasso e Salvador Dalí ilustraram as touradas de sua Espanha natal em registros que vão do violento ao lírico.
Uma mostra agora no Museu de Arte Brasileira da Faap, em São Paulo, reúne alguns exemplares marcantes da tauromaquia, como ficou conhecido esse gênero de representação das touradas.
De certa forma, Goya, que viveu no século 19, é o mestre desse estilo, tendo publicado em 1816 uma série de gravuras em que retratou, com crueza documental, toda a glória e o horror das lutas.
Na imagem mais célebre --e mais sangrenta-- da série, Goya ilustra a morte de um toureiro em plena arena, abatido no chão e atravessado pelos chifres do animal.
"É como uma fotografia feita na hora. Goya é um repórter", compara Serena Baccaglini, uma das curadoras da mostra. "Mas tem ao mesmo tempo uma sensibilidade."
Também já tinha a carga de violência que observou em campo durante a guerra que varreu a Espanha no começo do século 19, fazendo da série uma alegoria da tourada como um conflito do bem contra o mal ou da revolta contra o poder autoritário.
Picasso também retomou a figura do touro em sua obra mais importante. Na mostra paulistana, estudos de "Guernica", obra máxima do artista, mostram como o touro é o único elemento da composição indiferente ao horror.
"Nesses desenhos, é possível observar como ele chega à forma final de Guernica'", diz Baccaglini. "Ele abandona a cor, vai restringindo a paleta até chegar aos brancos e cinzas da obra terminada."
Dalí, o mestre do surrealismo, também fez de sua tauromaquia um registro mais depurado. São composições quase todas em preto e branco com traços em vermelho.
