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Crítica - Curta-metragem

Com mínimos recursos, 'Baba 105' gera máximo de emoções

A MEMÓRIA NÃO SE DISTINGUE DA IMAGINAÇÃO QUE RECONSTITUI A FIGURA MATERNA CARREGADA DE AFETOS

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Num meio, como o cinema, em que o excesso de imagens e a saturação dos sentidos se confunde com qualidade, fazer um filme com apenas uma foto pode parecer insuficiente.

"Baba 105" --o vencedor da primeira edição do Festival de Finos Filmes Curtos, realizado neste mês em São Paulo-- demonstra como um mínimo de recursos pode provocar um volume máximo de emoções.

O curta, com roteiro, animação e direção assinados por Felipe Bibian, conecta dois blocos. De um lado, visível, vê-se a foto de uma senhora lituana de 105 anos. No avesso da imagem, uma anotação datada de 1967 registra "Vovó, já com 105 anos, mas ainda muito bem".

De outro lado, invisível, uma tataraneta indaga a cena preservada na fotografia, esboça um diálogo com alguém que ela só conhece por meio daquela imagem.

Trata-se de um documentário em primeira pessoa ou de ficção? Não importa.

Como em "Vó Maria", premiado curta de Tomás von der Osten na Mostra de Cinema de Tiradentes de 2011, a memória que evoca não se distingue da imaginação que reconstitui a figura materna carregada de afetos.

O registro fotográfico captura e projeta o que das pessoas mortas? A figura que a recordação tenta recompor é, no entanto, desconhecida e depende de uma memória muitas vezes alheia para ganhar corpo.

Os filmes não são em parte histórias contadas que cada espectador guarda na forma de emoções, mas se sente incapaz de reconstituir no todo ao recontar? Assim, "Baba 105" ensaia o cinema.


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