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Exposição reflete o conceito de multidão em tempos de revoltas

Obras no Sesc Pompeia examinam a individualidade em meio a protestos de massa no mundo

Mostra reúne artistas como o turco Kutlug Ataman, a argentina Gabriela Golder e a americana Coco Fusco

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Uma multidão avança sobre um monte de comida empilhada na porta de um supermercado em Buenos Aires. A ação, que dura poucos segundos, é dilatada em câmera lenta no vídeo da artista argentina Gabriela Golder.

Essa obra e a mostra que integra, agora no Sesc Pompeia, faz o mesmo com os protestos que varrem o mundo, em especial as manifestações de junho passado no Brasil. É como se diminuíssem o ritmo para dissecar o calor da revolta pelo prisma da arte.

"Quando surgiram os protestos, a gente começou a trabalhar com mais afinco", conta o curador Lucas Bambozzi. "Vimos que a mostra tinha uma ressonância maior no contexto político atual."

"Multitude" extrapola o cenário brasileiro e reúne artistas de todos os cantos do planeta que tratam em suas obras da ideia de massas em revolta, em especial o que acontece com identidades individuais em meio a todas as ondas de catarse coletiva.

"É quando a arte se soma à multidão", diz Bambozzi. "Hoje a multidão é entendida como uma soma de singularidades em que se respeita a individualidade de cada um porque isso vende, virou até uma estratégia comercial."

SALA DE ESTAR

Um dos maiores nomes da mostra, o artista turco Kutlug Ataman examina os dramas de moradores de uma favela na periferia de Istambul à luz desse conflito de interesses entre o indivíduo e a massa.

Enquanto suas primeiras obras versavam sobre histórias individuais, no trabalho agora em São Paulo, o artista entrevista vários moradores de uma favela e exibe os depoimentos em telas reunidas numa sala de estar às avessas, que exalta o anonimato.

"Enquanto antes eu focava como cada um se constrói dentro da sociedade, agora me interesso por como nos organizamos em sociedade", diz Ataman. "Juntas, as pessoas se fortalecem, mas também perdem liberdades pessoais. É uma obra sobre a economia do pertencimento."

No caso de Golder, que usa imagens do noticiário em suas obras, a miséria serve de motor para seu trabalho.

"Esse é um gesto de massa, uma multidão que se joga sobre a comida que mal se vê", afirma a artista. "É uma coreografia desses corpos."

Outra artista da mostra, a americana Coco Fusco também analisa movimentos de massa. Filmando a praça em Havana construída para discursos de Fidel Castro quando vazia, ela reflete a tentativa de congelar um espírito de revolução já extinto.


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