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Crítica romance

Autor italiano convida leitor a refletir sobre o próprio destino

Com personagens carismáticos, 'Mr. Gwyn' faz retrato de escritor solitário

JOCA REINERS TERRON ESPECIAL PARA A FOLHA

Mr. Gwyn, protagonista do novo livro de Alessandro Baricco, caiu na real. Insatisfeito com o trabalho de escritor, redigiu uma lista de 52 coisas que jamais voltaria a fazer e a levou à Redação do "Guardian".

A primeira era colaborar com o jornal. "A quadragésima sétima, esforçar-se para ser cordial com colegas que na verdade o desprezavam. A última era: escrever livros."

A incerteza é comum aos mortais, mas acomete artistas com mais frequência. A natureza de seu trabalho colabora para essa reincidência típica da modernidade, instante em que a autoconstrução do sujeito substituiu a ideia clássica de destino como bússola a guiar o herói.

Sem retorno, a liberdade se insinua através da crise. Gwyn decide produzir retratos literários de anônimos. Nem ele sabe explicar ao agente o que é isso. Apenas o convence a alugar um espaço e a selecionar modelos que deverão posar enquanto Gwyn os observa.

A reconstrução do sujeito tem inspirado filmes como "Sinédoque, Nova York" (2008), de Charlie Kaufman, ou "Remainder" (resíduo), romance de 2005 de Tom McCarthy, cujo narrador relata sua convalescência após ser atingido por "algo que caiu do céu". Amnésico, torra sua indenização milionária para compreender aspectos de uma realidade que não existe mais.

Lírica, a abordagem de Baricco nos leva a refletir sobre os próprios passos. Estruturado por meio de capítulos breves e personagens carismáticos, o romance marca a volta à boa forma do italiano após equívocos passados. Muito bem, Mr. Gwyn.


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