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Crítica design

Obra faz justiça à produção de Jorge Zalszupin

Volume revela episódios desconhecidos da história do arquiteto polonês que chegou ao Brasil na década de 1950

FERNANDO SERAPIÃO ESPECIAL PARA FOLHA

A contribuição de imigrantes europeus no desenvolvimento da arquitetura e do design modernos no Brasil foi, de certa forma, eclipsada pelo nacionalismo.

Nas últimas décadas, contudo, autores como Lina Bo Bardi e Gregori Warchavchik foram reavaliados por uma nova geração de pesquisadores que, sem o tapa-olho ideológico, narra capítulos ocultos da nossa história.

Agora, um livro ilumina parte da trajetória brasileira do polonês Jorge Zalszupin, um personagem cuja produção abarca tanto a arquitetura quanto o design.

Ele fugiu da Polônia com benzina no tanque do carro quando os alemães invadiram seu país, durante a Segunda Guerra.

De origem judaica, sua família foi para a Romênia, onde ele se formou em arquitetura em 1945, e depois para a França, onde Zalszupin trabalhou como arquiteto na reconstrução de cidades históricas no pós-guerra.

Encantado pela arquitetura moderna brasileira, aportou no Rio de Janeiro no Carnaval, em 1950, aos 28 anos.

Escrito por Maria Cecília Loschiavo dos Santos e organizado por Lissa Carmona, o volume aborda a trajetória do arquiteto e designer que dirigia a L'Atelier, empresa pioneira no Brasil em móveis de escritórios e móveis de plástico (como as cadeiras escolares em que toda uma geração estudou).

O destaque do livro são móveis de madeira, como poltronas, mesas e bancos.

Da mesma forma que ocorreu com os arquitetos que fundaram em São Paulo a loja Branco & Preto em 1952, Zalszupin começou a desenhar móveis na década de 1950 por não encontrar mobiliário adequado às casas modernas que fazia.

Um dos trabalhos mais simbólicos é um carrinho de chá inspirado em carrinhos de bebê da Polônia. A peça, com estrutura de ferro e rodas de latão, possui uma das características marcantes do trabalho de Zalszupin: elementos de madeira curvados e delgados.

A maior parte das peças originais -vendidas com preço de obra de arte- é de jacarandá.

Com inspiração dinamarquesa, sobretudo dos designers Hans Wegner (1914-2007) e Finn Juhl (1912-1989), o trabalho do polonês foi recebido no Brasil, na época nacionalista, como uma espécie de cópia nacional dos escandinavos.

Loschioavo conta que as poltronas foram inspiradas nas colunas do Palácio do Alvorada. A autora revela também que Zalszupin fez móveis sob encomenda de Niemeyer para a nova capital, tais como as poltronas amareladas do Supremo.

E por falar no STF, vale o clichê de que justiça tarda, mas não falha: o polonês de 92 anos é um dos grandes designers brasileiros.


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