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Mário Bortolotto leva família amoral a palco paulistano

'Killer Joe', que virou filme com Matthew McConaughey em 2011, narra convívio de personagens sem escrúpulos

Na trama de Tracy Letts, filho contrata o matador Joe para dar fim à mãe e ficar com o dinheiro do seguro

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Essas pessoas somos nós", diz o autor norte-americano Tracy Letts sobre a família que protagoniza "Killer Joe", peça inédita no país que estreou no último fim de semana em São Paulo, sob direção de Mário Bortolotto.

Difícil imaginar gente mais desestruturada, perdida e doente existencialmente do que a retratada neste que foi o primeiro texto do premiado dramaturgo. A história virou filme homônimo em 2011, com Matthew McConaughey no papel-título.

Para Letts, esses personagens perturbados são manifestações da sociedade atual.

A amoralidade e a falta de escrúpulos da família são apresentadas em cena com surpreendente normalidade.

Não causa espanto para nenhum membro do clã o fato de o filho planejar a morte da mãe para ficar com seu seguro de vida. Basta uma conversa familiar banal para pai, filha e madrasta compactuarem com o crime, convencidos de que o matador Joe pode solucionar seus problemas.

Joe surge para, ironicamente, impor ordem a esta casa cujos moradores teimam em chamar de lar. A única refeição compartilhada em família acontece em sua presença.

Ao mesmo tempo, sua figura revela o caos. "Ele aparece para escancarar o que é, na verdade, esta família, para fazer uma limpeza", diz Bortolotto.

Como sempre faz em suas adaptações, o encenador mantém fidelidade ao texto original, centrando sua encenação na obra e no trabalho dos atores.

O elenco, formado por Carcarah, Gabriel Pinheiro, Aline Abovsky e outros, é afiado. Instaura tensão com desenvoltura e torna críveis inclusive cenas violentas.

SINTONIA

A obra autoral de Bortolotto mostra-se em total sintonia com a temática marginal de Tracy Letts e sua linguagem realista.

O mesmo vale para a discussão sobre a instituição familiar instaurada no palco --trabalhada pelo norte-americano também em "Álbum de Família".

Esta peça também virou filme homônimo de 2013, pelo qual Meryl Streep e Julia Roberts foram indicadas ao Oscar deste ano --melhor atriz e atriz coadjuvante, respectivamente.

Bortolotto escreve atualmente "Tudo que Dói", peça que tem previsão de estreia para o final do ano. A trama apresenta outra família disfuncional.

"Tenho problemas com sistema familiar. Muitos pais se anulam ao ter filhos e acabam estragando a criança ao mimá-la demais", diz ele.


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