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Análise

Horace Silver, morto aos 85, compôs temas marcantes e definiu um gênero

RONALDO EVANGELISTA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Estilista fundamental do jazz moderno, o pianista e compositor Horace Silver morreu aos 85 anos na última quarta (18), de causas naturais, nos Estados Unidos.

Autor de temas marcantes e descobridor de talentos, Silver foi músico-síntese do gênero hard bop, inseparável do cultuado som da gravadora Blue Note.

Nascido em 1928 em Connecticut, nos Estados Unidos, o pianista começou sua carreira ainda jovem e em 1951 já havia se mudado para Nova York, onde tocava com os principais instrumentistas da cidade.

Foi logo que realizou suas primeiras gravações como líder, em 1952, para o selo Blue Note, que se tornou uma força de grande influência para a música improvisada.

Pela mesma época, ao lado do baterista Art Blakey (1919-1990), lançou o grupo Jazz Messengers, que revelou em suas formações músicos como o trompetista Lee Morgan (1938-1972) e o saxofonista Benny Golson, entre muitos outros.

Dizer que Silver que foi um dos precursores da linhagem hard bop do jazz não lhe faz jus. Ele está para o hard bop como João Gilberto para a bossa nova ou Charlie Parker para o bebop: seu estilo define o gênero.

Espécie de irmão de sangue quente do californiano cool jazz, o nova-iorquino hard bop surgiu com Silver e Blakey --e logo também com os quintetos de Miles Davis (1926-1991) com John Coltrane (1926-1967) e de Max Roach (1924-2007) com Clifford Brown (1930-1956).

Fazia-se, assim, a ponte entre o bebop dos anos 40 e o soul jazz dos anos 60, pedra-de-toque do jazz moderno.

De mão esquerda incansável, ritmo eletrizante e desenvolvimentos melódicos empolgantes, Horace Silver foi autor de temas memoráveis, adorados e regravados, que ampliaram o espectro do jazz original, como "Doodlin'", "Señor Blues", "Nica's Dream".

Com a herança crioula e portuguesa do pai, nascido na ilha do Maio, em Cabo Verde, Silver sempre se interessou por ritmos afro-latinos, mas foi depois de uma visita ao Brasil, no começo de 1964, que compôs, sob influência de bossa nova e samba-jazz, um de seus mais famosos temas, "Song for My Father".

Profunda influência também para músicos brasileiros como João Donato e Sérgio Mendes, Silver, quando veio ao Brasil, conheceu Moacir Santos (1926-2006) e a música "Nanã", pela qual se apaixonou. Depois, foi responsável por Moacir assinar com sua gravadora, Blue Note.

Moacir Santos o chamava de "Horácio Silva". Estava certo: "Silver" era uma corruptela do sobrenome de nascença de Horace Silva.


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