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Crítica história

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Edição brasileira prejudica o trabalho de expert em economia e poderio militar

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

"Engenheiros da Vitória - Os Responsáveis pela Reviravolta na Segunda Guerra", um bom livro de um ótimo historiador, teve o azar de ter uma péssima edição brasileira. Os numerosos erros de tradução e revisão tornam a leitura do livro irritante em muitos trechos.

Paul Kennedy é conhecido principalmente por um livro de 1987, "Ascensão e Queda das Grandes Potências", no qual ele analisa a relação entre economia e poder militar de países em seu auge de poder, como Espanha, Holanda, França, Reino Unido, Alemanha e EUA.

A ideia básica é que em dado momento a potência atinge um ponto de "exaustão imperial", no qual a economia não consegue dar conta das necessidades militares.

O livro se tornou polêmico pois ele previa um declínio semelhante para as duas superpotências de então, União Soviética e EUA.

Este último livro não está no mesmo nível, pois não há nada de rigorosamente novo nas análises das principais campanhas da 2ª Guerra.

Ele identificou cinco temas básicos que determinaram a vitória: a luta contra os submarinos alemães no Atlântico, a obtenção da supremacia aérea na Europa, a luta contra a "guerra relâmpago" alemã, o desenvolvimento da guerra anfíbia e a criação de equipamento e logística para vencer a "tirania da distância".

Kennedy reuniu os principais estudos sobre essas campanhas e produziu um bom resumo. O livro pode ser boa obra de introdução para quem pouco conhece a história da guerra, mas de valor limitado para um especialista.

O principal problema, porém, é outro. Em um cálculo rápido, é possível apontar cerca de 80, 90 erros de revisão e tradução no livro. Há o erro típico e já esperado; há o erro inacreditável; e até o erro misterioso.

Típico é traduzir "marine" como "Marinha" em vez do correto "fuzileiro naval" (página 398). Mais curioso, dado o título do livro mais famoso de Kennedy, é que "powers" tenha se tornado "poderes", e não o esperado "potências" (p. 337).

Um bombardeiro de mil aviões virou "mil ataques aéreos" (p. 149). Não são "duas das sete frotas de porta-aviões" (p.368), e sim "dois dos sete porta-aviões de esquadra". "Fighters" são "caças", não "combatentes" (p. 402).

Há frases sem sentido, como "No total, quatro grandes transportadores foram utilizados para frotas e cinco menores" (p. 284). O correto seria dizer que foram utilizados "quatro grandes porta-aviões de esquadra e cinco menores".

ENGENHEIROS DA VITÓRIA
AUTOR Paul Kennedy
TRADUÇÃO Jairo Arco e Flexa
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO R$ 59,50 (500 págs.)
AVALIAÇÃO regular


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