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Montagem de 'Candide' remete à realidade brasileira
DE SÃO PAULOComposta por Leonard Bernstein --o mesmo de "West Side Story" e da trilha de cinema de "Sindicato de Ladrões" (1954)-- "Candide" será executada pela Osesp de sexta (27) a domingo (29), na Sala São Paulo, com pequenas adaptações no texto e na encenação que remetem à realidade brasileira.
Criada nos anos 1950 a partir de "Cândido, ou O Otimismo", de Voltaire (1694-1778), a obra fala sobre um homem que se mantém otimista mesmo diante de uma série de dificuldades, como ver seu mestre morrer na Inquisição, lutar na guerra e quase ser enganado pela mulher que ama.
Originalmente, fazia críticas ao macartismo --a política anticomunista dos EUA. Nesta montagem, o diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski, trocou essas referências por outras mais próximas da realidade brasileira.
Em vez de o narrador citar um senador americano conservador da época, por exemplo, fala do deputado federal Jair Bolsonaro. "É uma referência a alguém que é contra os homossexuais, anarquistas, enfim, mas não é montagem que desfigura as circunstâncias históricas da narrativa ou a música", diz Nestrovski.
A montagem não usa um cenário completo, os cantores vão atuar diante da orquestra e o coro também fará algumas intervenções, elaboradas pelo diretor cênico Jorge Takla.
Um dos elementos que irá à cena é um painel com um rosto estilizado e sorridente sobre uma imagem que lembra a bandeira do Brasil. "O brasileiro é um pouco Candide", afirma Takla.
Nestrovski lembra que a obra será regida por Marin Alsop, que já conduziu a Filarmônica de Nova York em uma gravação da obra e foi aluna de Bernstein (1918-1990).
"Candide é cheia de grandes melodias e é de fácil acesso. Pense no incrível West Side Story' de Bernstein com ainda mais músicas", diz Alsop.
A regente fala sobre a obra num encontro gratuito e aberto ao público nesta sexta (27), às 19h30, na Sala São Paulo. As inscrições devem ser feitas pelo site osesp.art.br
