Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Ensaio

Carlos Rennó mistura poesia e jornalismo ao falar de música

Letrista lança compilação de análises sobre famosos e esquecidos da MPB

ANTES DE UMA DISCUSSÃO SOBRE A RELEVÂNCIA DE CADA TEXTO, FICA EVIDENTE EM QUALQUER UM DELES A ESCRITA FLUIDA DO AUTOR

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Carlos Rennó está nas enciclopédias de música brasileira como letrista de primeiro time e um sucesso estrondoso: "Escrito nas Estrelas", parceria com Arnaldo Black que venceu o Festival do Festivais, na Globo, em 1985, na voz aguda de Tetê Espíndola.

Sem parar de criar letras, Rennó se dedicou também à imprensa musical nas últimas três décadas, produzindo livros, textos de apresentação e de encartes de discos, e análises para jornais, entre eles a Folha.

É muito difícil separar o letrista do jornalista na leitura de "O Voo das Palavras Cantadas", livro que reúne parte dessa grande produção analítica de Rennó.

Antes de uma discussão sobre a relevância de cada texto, fica evidente em qualquer um deles a escrita fluida do autor, poética, que afasta a obra para bem longe dos comentários empolados dedicados à MPB.

É uma leitura agradável, principalmente quando Rennó se põe a opinar sobre artistas que lhe são caros, como Gilberto Gil e Tom Zé --há vários capítulos para esses dois. Para eles, os textos são mais carinhosos e bonitos.

No caso de Gil, no entanto, a evidente admiração do autor por ele às vezes chega a atrapalhar. Organizador do livro "Gilberto Gil - Todas as Letras", Rennó perde nos comentários sobre o cantor baiano muito do caráter didático de outros perfis.

No balanço geral da leitura de "O Voo das Palavras Cantadas", as páginas que reproduzem releases de discos são as menos interessantes.

Nesses textos destinados a apresentar artistas com necessária exaltação, em alguns deles Rennó ainda consegue driblar a simples bajulação e inserir informações e contextualização. O capítulo sobre o álbum "Samba Raro", de Max de Castro, é bom exemplo.

Mas Rennó ganha o jogo de vez em capítulos mais "arqueológicos", quando apresenta nomes não tão conhecidos do grande público.

Destaque para o texto sobre o canto de fossa de Nora Ney (1922-2003), intérprete excepcional jogada no limbo pelas novas gerações, e as páginas que apresentam o compositor Orestes Barbosa (1893-1966).

Este é um grande autor da MPB do qual as pessoas nunca ouviram falar, mas se encantam aos primeiros acordes de músicas que ele escreveu.

No caso de Barbosa, a obra-prima é "Chão de Estrelas", popularizada por Silvio Caldas (1908-1998) e reconhecida pelos versos: "Minha vida era um palco iluminado/ eu vivia vestido de dourado/ palhaço das perdidas ilusões...". Nas letras dele que Rennó relaciona, a genialidade de Barbosa arrebata o leitor.

A relação de Rennó com a música passa pelo poeta, pelo jornalista e pelo historiador. Os três são interessantes.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página