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Crítica - Drama

Trama policial faz relação entre sexo e morte

'O Amor É um Crime Perfeito', dirigido por Arnaud e Jean-Marie Larrieu, flerta com surrealismo, mas sem sarcasmo

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

O policial, como os filmes de autor, possui uma sólida tradição no cinema francês. Dos gângsteres existencialistas de Jean-Pierre Melville ao erotismo letal de "O Estranho no Lago", não faltam tramas cuja concepção intelectual se fortalece com o fascínio de todos nós pelo crime.

"O Amor É um Crime Perfeito", sétimo longa dos irmãos Arnaud e Jean-Marie Larrieu (do formidável "Pintar ou Fazer Amor"), filia-se a essa matriz. Aqui, o desaparecimento de uma garota serve de gancho para uma investigação policial e moral.

No centro da trama, um professor de literatura (Mathieu Amalric) vê-se acuado pela compulsão sexual e a crise profissional. Após uma transa com uma aluna, ela morre e ele se desfaz do corpo.

Enquanto tenta escapar da condição de suspeito, o desejo incessante o leva a se defrontar com fantasmas encarnados em belas e histéricas, apaixonadas ou libidinosas mulheres. Essas fantasias misturam-se a delírios, sonhos e episódios de sonambulismo do protagonista.

A trama policial tem pouco interesse, pois a pretensão do filme é pincelar o parentesco de sexo e morte, tentando encontrar um lugar entre eles para a literatura.

Para isso, os Larrieu flertam com o surrealismo sem nunca alcançar sua potência sarcástica. Breton, Buñuel e Barthes são evocados, sem ultrapassar a mera referência, como uma "influência" na coleção de um estilista.

Resta a capacidade que os irmãos cineastas têm de encenar os lugares naturais e a arquitetura como espaços de inquietação, de arrancar as paisagens do papel de cenário e projetar nelas um mistério insolúvel.


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