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Negão é o seu passado

No mês em que sua morte completa 20 anos, o trapalhão Mussum ganha a primeira biografia, contando sua história como sambista e comediante

FERNANDA REIS DE SÃO PAULO

Peça a alguém para descrever Mussum e é provável que a imagem invocada inclua uma garrafa de "mé", uma careta e uma resposta atravessada, em mau português, para uma piada sobre o fato de ele ser "negão".

Ganha biografia agora o trapalhão nascido Antônio Carlos Bernardes Gomes, no Rio, em 1941. Ele foi do tempo em que o humor nem esbarrava na correção política.

A imagem pintada no livro se afasta da que povoa o imaginário de quem cresceu vendo Mussum pedir "ampola de suco de cevadis" num bar.

O autor, o paulista Juliano Barreto, descreve em sua primeira obra do gênero um Mussum estudioso. Cabo da aeronáutica, trocou a carreira militar pela música.

O álcool está lá, mas, diz o autor, o personagem bebia mais que o ator.

Bebia, sim. Bastante. A ponto de roubar birita de despacho em encruzilhada. Mas tinha estratégias para evitar vexame, como encher a barriga antes do porre e tirar sonecas no meio da farra.

O humor foi acidental. Mussum tocava na TV com Os Originais do Samba. Um dia, nos 1960, precisou tapar um buraco em um humorístico de Grande Otelo. O protagonista errou em cena, e o então Carlinhos riu. Otelo, furioso, xingou o coadjuvante, ao vivo, de muçum (peixe preto).

Rebatizado, foi chamado em 1972 para atuar com Renato Aragão e Dedé Santana. "Disse ao Renato para colocar um afrodescendente no programa", diz Dedé. Já Aragão fala que viu Mussum na TV e disse a Dedé: "Procura esse negão, ele é bom. A gente dá polimento, dá frases pequenas para ele ir entrando".

Com o dialeto de "is", ideia de Chico Anysio, o negão vingou na TV e deixou o samba.

A biografia é autorizada, mas a família não proibiu temas, segundo Barreto e o advogado Augusto Gomes, 48, filho mais velho de Mussum.

Ao descrever o pai, ele afirma que era "duro, mas justo" nas demandas para que os filhos estudassem. "Ouvíamos muita música em casa: latina, jazz, samba. Era alegre."


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