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Crítica - Comédia

Peça usa estereótipos para ridicularizar 'elite branca'

GUSTAVO FIORATTI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Vira e mexe, jantares assumem no teatro e no cinema um papel simbólico (os protocolos são um véu sobre os segredos dos personagens) e também estrutural (os véus vão caindo no tempo em que os personagens estão atados à refeição).

A cerimônia retratada em "Jantar", da inglesa Moira Buffini, usa essa estrutura manjada e fica restrita a tipos, debochando de um grupo social que hoje, em tempos de piadas sobre coxinha de ossobuco, ficou tachado como a "elite branca".

A nova montagem para o texto, de Mauro Baptista Vedia, acentua a proposta de ridicularizar a classe média alta em momento que não poderia ser mais oportuno.

A peça tem entre os personagens o estereótipo da socialite que cita filósofos, do escritor de autoajuda, da vegetariana bicho-grilo que só anda de bicicleta, da perua que solta frases inapropriadas. São personagens cientes de que não sabem o que fazer com o próprio conhecimento e a educação, eficientemente cômicos.

Vedia prova que, embora tradicional, essa não é uma forma de teatro anacrônica. Na expressividade de um gestual detalhado, ele atualiza o modelo antigo.

O elenco estranhamente não obedece sempre o mesmo tom. O único personagem que representa a classe trabalhadora, e que entra no círculo dos ricos por acidente, parece estar privado do deboche com uma interpretação menos ácida de Marco Barretho.

O cenário, com papéis brancos amassados ao fundo, é uma sacada "povera", imitando mármore ou gelo.


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