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Crítica videoclipe

Bruce Springsteen vira um ator sem expressão em filme brega

ANDRÉ BARCINSKI ESPECIAL PARA A FOLHA

Um anúncio no site de Bruce Springsteen deixou fãs em polvorosa: "The Boss" estaria lançando um curta-metragem, sua estreia como cineasta. Codirigido por Thom Zimny, que já trabalhou com Springsteen em DVDs e documentários, o filme estreou em 9 de julho no site do cantor.

Mas os fãs devem ter ficado confusos. Afinal, não era bem um "filme", mas um videoclipe de "Hunter of Invisible Game", faixa do mais recente disco de Springsteen, "High Hopes".

Sem diálogos, o "filme" --mesmo termo usado por publicitários para definir anúncios de desodorante e pílulas para disfunção erétil-- mostra um andarilho vagando por florestas e um cenário pós-apocalíptico de prédios queimados e casas destruídas (difícil não lembrar o livro "A Estrada", de Cormac McCarthy).

O cantor é assombrado por lembranças da família. Imagens da mulher e da filha correndo por campos verdejantes se misturam a cenas do músico dando tiros de espingarda, andando a cavalo e queimando um espantalho. Deve significar alguma coisa.

Springsteen atua com o mesmo tom impassível e lobotomizado de astros dramáticos como Steven Seagal e Neymar. Seu rosto é uma máscara. Não há lágrimas ou traços de emoção.

Na segunda metade do "filme", encontra um acampamento de sobreviventes em um prédio abandonado. Springsteen começa a cantar "Hunter of Invisible Game": "Passo meus dias tateando no escuro/ em meio aos impérios de poeira/ chamo seu nome". Engraçado demais.

No fim, as pessoas dão as mãos e levantam os rostos na direção do cantor. Parecem ter recuperado a força para viver. A mensagem é clara: Springsteen é um profeta da esperança. Há outra mensagem: a de que qualquer um pode ser cineasta. Basta fazer um videoclipe brega desses e chamá-lo de "filme".


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