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Crítica - Novela

'O Rebu' peca por excesso de personagens, mas promete

Nova novela da Globo adota formato enxuto sem se livrar de vícios de folhetim

LUCIANA COELHO COLUNISTA DA FOLHA

"O Rebu", releitura de uma novela de 1974 que a Globo estreou na noite de segunda (14), pode ser um banquete para fãs de séries americanas dispostos a reconsiderar a dramaturgia nacional.

Não que a produção enxuta (36 capítulos) dirigida por José Luiz Villamarim, o mesmo da bem-sucedida "Amores Roubados", chegue a se confundir com uma série.

É, em essência, um folhetim bem ao gosto brasileiro: dramas de ricos, pobres simpáticos ou bandidos (pois é), montes de sexo e, à primeira vista, mais personagens do que seria sensato acompanhar em tão pouco tempo.

Mas a elegância da fotografia de Walter Carvalho e da direção de arte, somada à agilidade da edição e a uma trilha sonora das boas a aproximam da chamada "era de ouro da TV americana", ao menos na embalagem.

Há, sim, tropeços. Porque a novela será exibida só quatro dias por semana e a nova leva de galãs globais é incrivelmente pasteurizada na aparência, a pergunta "mas quem é este mesmo?" deve incomodar o espectador que há anos trocou a TV aberta pela TV paga e agora se interessou de novo por novelas.

Foi esse o maior desconforto no primeiro capítulo.

São personagens demais, atores jovens demais e uma coprotagonista --Sophie Charlotte, como Duda-- que é linda, mas não segura a onda (moda, porém, ela deve lançar: o cabelo curtinho, meio Bete Mendes na versão original e meio as personagens fofas da inglesa Carey Mulligan, é aposta para hit).

As repetitivas cenas de casais se pegando, sem motivo maior, também cansam.

Ainda assim, "O Rebu" tem trunfos além do apuro visual.

O elenco veterano, com Tony Ramos, Vera Holtz, Cássia Kis Magro e José de Abreu é o que a Globo tem de melhor. Patrícia Pillar, sempre competente, ainda pareceu desconfortável como a milionária e solitária empresária do petróleo Angela Mahler, mas merece o voto de confiança.

E Daniel de Oliveira, que é jovem mas tem longa folha corrida, pode fazer bonito nas cenas em flashback.

É do seu personagem, aliás, o corpo que aparece boiando na piscina da mansão Mahler numa noite de festa e que desencadeia a trama --uma mudança crucial em relação ao enredo de Bráulio Pedroso (1931-90), no qual só se descobria a identidade da vítima no meio da novela.

Revolucionário à época, por concentrar a ação em um só dia de festa, "O Rebu" original era um grande "whodunnit" (o subgênero derivado da pergunta "quem matou") temperado com acidez sobre a classe mais rica.

Desta vez, porém, os ricos parecem um tanto insossos. Mais atraente é a cozinha do chef Pierre (Jean Pierre Noher) e sua trupe de cozinheiros egressos de um presídio.

Para garantir o ritmo e o interesse do espectador mais exigente, é preciso ainda melhorar diálogos, cortar o excesso de cenas e, principalmente, apurar personagens.

Mas o caminho vislumbrado na estreia é promissor.


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