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Crítica - Policial

Isabel Allende não sabe criar um bom mistério

Romance 'O Jogo de Ripper' tem trama estrambólica e mais personagens bizarros do que a novela 'Saramandaia'

ANDRÉ BARCINSKI ESPECIAL PARA A FOLHA

Primeiro livro policial da escritora chilena-norte americana Isabel Allende, 71, "O Jogo de Ripper" é um martírio. Chegar ao fim das 490 páginas de uma historia implausível, com personagens caricatos, diálogos risíveis e um tom esotérico e místico que tenta esconder, sob um verniz sobrenatural, a ruindade da trama, é tarefa para abnegados.

O livro é um "whodunit" --aquele em que o autor dos crimes é revelado no fim--, mas Allende mostra não ter competência para criar um mistério minimamente credível. Ela esconde informações relevantes do leitor e saca da cartola uma solução inteiramente absurda.

A trama é estrambólica: em São Francisco, começam a acontecer assassinatos misteriosos. Ninguém percebe que se trata de crimes cometidos pelo mesmo assassino.

Quer dizer, ninguém, menos alguns adolescentes espalhado pelo mundo, que se reúnem virtualmente na internet para um jogo chamado "Ripper", onde tentam desvendar crimes.

A líder do jogo é uma adolescente chamada Amanda Jackson. A mãe de Jackson, Indiana, uma massagista e mestre de Reiki que atende numa clínica holística, parece ser um alvo possível do assassino.

O pai de Amanda --e ex-marido de Indiana-- é simplesmente o chefe do setor de homicídios da cidade, que não vê problema algum em dividir com a filhinha as descobertas das investigações, inclusive de autópsias.

O namorado de Indiana é um ex-soldado das Forças Especiais americanas que trabalha para a CIA, tem uma perna mecânica e a companhia de um cão assassino chamado Attila.

Junte a essa trupe uma vidente e astróloga que prevê os crimes, uma policial mestre em artes marciais e um simpático velhinho, avô de Amanda, que se junta aos adolescentes no jogo de Ripper. Nem a novela "Saramandaia" tinha tantos personagens excêntricos e bizarros.

E tome diálogos como "Eu te amo tanto que me dói aqui, como se uma lápide estivesse esmagando meu peito" e personagens que solucionam mistérios pela força dos "pressentimentos".

Como explica uma delas: "Os anjos e espíritos falam comigo. Os vivos e os mortos somos a mesma coisa". Então tá. Para quem gosta de literatura policial de verdade, recomendo esperar até setembro, quando sai nos EUA o novo de James Ellroy, "Perfidia".


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