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Flip 2014

A ficção dá lugar à realidade

Nesta edição do encontro entre escritores, temas do dia a dia ganharam mais atenção do que discussões sobre literatura

DOS ENVIADOS A PARATY (RJ)

Se a 12ª edição da Flip (Festa Literária de Paraty), que terminou neste domingo (3), precisasse de uma frase para defini-la, poderia ser: "menos ficção e mais realidade".

Isso não significa nenhum demérito para o evento, no qual centenas de pessoas se reuniram, atentas, para ouvir o que autores tinham a dizer sobre depressão, alimentação, vícios em drogas e álcool, espionagem e ataques à privacidade --temas que, não por coincidência, foram apresentados por jornalistas.

Desde a escolha do homenageado (o multiartista Millôr Fernandes se definia, antes de tudo, como um jornalista), a Flip 2014 fez do embate com a realidade o centro de suas mesas. Uma realidade muitas vezes mais louca que qualquer ficção surrealista.

Tivemos alguém que sobreviveu a uma vida junkie e virou um jornalista bem-sucedido (David Carr, o colunista do "New York Times") e o homem que revelou que nossos e-mails estavam sendo espionados (Glenn Greenwald).

Outro autor superou a depressão e problemas familiares para pesquisar os problemas dos outros (Andrew Solomon); um quarto expositor foi ameaçado de morte por lutar contra o extermínio de sua etnia (o índio ianomâmi Davi Kopenawa).

A Casa Folha teve o psicanalista Contardo Calligaris ensinando como cuidar dos filhos e o jornalista Xico Sá (ambos colunistas da Folha) dando dicas sobre como compreender as mulheres.

A edição foi marcada também pelo aumento de eventos paralelos, fora da tenda principal da Flip.

Diretor da Associação Casa Azul, que organiza a Flip, Mauro Munhoz disse que o público cresceu 27,2% em relação a 2013: de 9.482 para 12.069 acessos à Tenda dos Autores nos cinco dias. Em algumas palestras, no entanto, era possível ver lugares vazios.

"É a Flip das Flips", disse o curador, Paulo Werneck, cuja renovação de contrato para 2015 ainda não foi confirmada.

Segundo Munhoz, a informação será divulgada daqui a dois ou três meses, "porque a Flip ainda não acabou". O nome do próximo homenageado não foi anunciado.

Na avaliação dos organizadores houve mais integração com a população local, o que pôde ser provado pelo número de pessoas no telão atrás da Tenda dos Autores e ao lado da praça da Matriz.

Fora da Tenda, em especial no fim de semana, as ruas do centro estavam lotadas. Na estimativa da Secretaria de Turismo de Paraty entre 25 mil e 30 mil pessoas circularam nos cinco dias de festival.

O número, segundo o secretário de Turismo, Wladimir Santander, é o mesmo de 2013. Os cerca de 500 pousadas, hotéis e hostels tiveram ocupação de 98%. As vagas que sobraram eram fora do centro.

TIROS E FALTA DE ÁGUA

Santander disse, contudo, que o número de visitantes flutuantes, o chamado turismo de um dia, surpreendeu o comércio, principalmente o setor de bares e restaurantes.

Daí o fato, ainda de acordo com ele, de parte desses estabelecimentos ter fechado as portas cedo, por volta da meia-noite, por não conseguir atender à demanda, o que motivou críticas de frequentadores.

"O volume de gente de sábado pegou todos de calças curtas", disse o secretário.

A quantidade de visitantes fez faltar água no centro histórico. Até o começo da noite de domingo (3), o motivo do desabastecimento ainda não tinha sido esclarecido.

Pela manhã, houve troca de tiros entre policiais e um grupo de homens num carro, a cerca de um quilômetro da Tenda dos Autores.

Santander diz que a segurança será uma das prioridades para a edição 2015.


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