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Crítica romance

Livro evidencia vigor de nova geração literária

Em 'A Vez de Morrer', a carioca Simone Campos, 31, apresenta escrita primorosa e personagens consistentes

MARIA ESTHER MACIEL ESPECIAL PARA A FOLHA

O que mais surpreende no romance "A Vez de Morrer", de Simone Campos, 31, é a maturidade literária, explícita tanto no trato dos temas abordados quanto no manejo da linguagem e dos recursos narrativos. Mas não se trata de uma obra de veterana.

Mesmo já tendo publicado outros quatro livros, a autora integra a mais nova safra de escritores do país. Estreou na ficção em 2000, aos 17 anos, e desde então tem experimentado diferentes formas narrativas, com engenho e originalidade.

Segundo a própria autora, "A Vez de Morrer" é o seu primeiro "romance normal", capaz de fazer jus ao fôlego que se espera do gênero.

De fato faz. O livro é denso sem abrir mão da fluidez, e traz uma escrita primorosa, que converte o registro coloquial num exercício de estilo.

Os personagens têm consistência, e o enredo, sem grandes peripécias, atém-se principalmente à complexidade íntima dos personagens e aos detalhes do cenário em que se passa a história.

O livro traz como protagonista a jovem Izabel --designer e bissexual-- que volta do Canadá para o Rio de Janeiro, onde vive sua mãe, e passa a frequentar o sítio herdado do avô em Araras, região serrana do Estado.

Com o intuito inicial de reorganizar o sítio, acaba por fazer dele a sua morada.

O romance alinhava cenas, temas e personagens distintos. Videogames, literatura, especulação imobiliária e estupro, entre outras coisas, compõem o heterogêneo tecido da narrativa.

Até uma integrante de banda de rock cristão aparece como personagem. Mas nada soa gratuito, visto que esses elementos se articulam com notável coerência.

Campos explora as linguagens do tempo em que vive e da geração a que pertence, mostrando-se à vontade com as possibilidades narrativas que um bom romance requer.

Sua antena para capturar as contradições humanas e sociais é apuradíssima, assim como sua habilidade em transformar tal matéria-prima em boa literatura.

O livro evidencia, assim, não apenas a maturidade precoce da autora, como também o vigor de uma nova geração literária que vem se afirmando no cenário brasileiro atual.


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