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Crítica - Teatro

Falta ousadia para embalar as canções de Chico em musical

AS MÚSICAS, BEM CANTADAS, SÃO TÃO BOAS QUE O ENTRETENIMENTO ESTÁ GARANTIDO POR DUAS HORAS

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Entre as muitas considerações que podem ser feitas ao término de "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos", uma é óbvia e unânime: o texto é ótimo.

Trabalhar no palco com as letras do compositor pode parecer fácil. Afinal, elas são, reunidas, fortes candidatas à melhor produção literária brasileira na segunda metade do século 20.

Mas sempre há o risco de não se produzir um material à altura desses textos. Isso é experimentado na montagem de Claudio Botelho e Charles Möeller, sucesso no Rio e agora em cartaz em São Paulo.

O espetáculo tem qualidades, como a escolha de canções não tão célebres, sem apelar para apenas aos hits, e a atuação vigorosa do elenco. Botelho e Soraya Ravenle vão bem nos papeis principais e a jovem Malu Rodrigues mostra graça e talento incomuns.

Mas falta ousadia à montagem. A ideia de contar as andanças de uma trupe poderia inspirar cenários e soluções de narrativas muito mais consistentes.

Com escassos elementos de cena, nem sempre utilizados com inventividade, tudo tende a parecer um recital.

Quando os atores chamam oito pessoas da plateia para subir ao palco, o resultado é fraco. Esses espectadores "atuam" como a plateia de uma cidadezinha que recebe o show mambembe, sentados em cadeiras, sem mais o que fazer. Uma tentativa estéril de interatividade.

Claro, as músicas, bem cantadas, são tão boas que o entretenimento está garantido por duas horas --sim, a encenação não tem os 90 minutos anunciados no título e justifica o tempo extra com uma explicação engraçada.

Nenhum outro espetáculo em cartaz exibe um vocabulário tão rico. O texto de Chico é único, às vezes complexo, às vezes simples, mas sempre com clareza e emoção.

"Geni e o Zepelim", "Roda Viva", "Gota D'Água" e tantas outras grudam no ouvido depois do espetáculo, mas poderiam ser exibidas numa embalagem mais audaciosa.


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