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Crítica - Drama

Temas simpáticos não bastam para tornar filme memorável

'O Casamento de May' narra dificuldades vividas por imigrante que quer casar

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Explorar os contrastes e os conflitos entre as comunidades árabes e as outras culturas se tornou uma fórmula contemporânea.

A ideia de simbolizar os impasses da geopolítica em situações afetivas passou a ser um recurso que simplifica e torna palatáveis as tragédias do mundo em ficções feitas para o público que acredita em entretenimento engajado.

"O Casamento de May", segundo longa de Cherien Dabis, realizadora americana de origem palestina, ao mesmo tempo utiliza essa fórmula e reconhece sua insuficiência ao escolher recursos que visam não reduzir o drama humano a um conflito maniqueísta.

Seguindo as pegadas de Robert Altman em "Cerimônia de Casamento" (1978) e de Jonathan Demme em "O Casamento de Rachel" (2008), a diretora adota o "multiplot" como procedimento para alcançar a complexidade sem perder de vista a ironia.

Cherien Dabis, que também assina o roteiro e protagoniza o filme, trata das dificuldades encontradas por uma imigrante que decide realizar seu matrimônio no país de origem.

May é uma jovem escritora jordaniana que vive em Nova York, onde conheceu o noivo, um professor universitário palestino. Sua mãe, árabe cristã, detesta o ex-marido americano e se recusa a ir às bodas da filha.

Em meio aos dilemas étnico-religiosos, as irmãs mais novas de May descobrem a sexualidade numa sociedade de molde machista.

FEMININO

Para se diferenciar das ficções simplistas que colocam os desejos individuais como reféns das políticas de Estado, Cherien Dabis organiza a trama em torno de microdramas afetivos, numa perspectiva feminina equivalente à obtida pela diretora libanesa Nadine Labaki no filme "Caramelo" (2007).

A dificuldade maior, aqui, consiste em transpor a escrita no tempo cinematográfico.

Enquanto a mecânica do roteiro de "O Casamento de May" parece suficiente para abarcar o que pretende, o filme pronto pouco se diferencia de uma lista de checagem, uma sucessão de temas muito simpáticos, mas cuja baixa intensidade nunca chega a garantir um lugar na memória.


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