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Crítica - Drama

Personagens inconstantes dão graça a produção cheia de histórias

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Há filmes ligeiros, agradáveis e que se esquecem na primeira esquina. E há também os estranhos, imperfeitos, que ganham peso com o passar das horas. "Um Belo Domingo" enquadra-se na segunda categoria.

Em seu sétimo longa como diretora, a francesa Nicole Garcia revisita o cinema dos afetos, especialidade que a produção contemporânea de seu país herdou de uma abundante tradição.

Nesse cinema, os motivos, a coesão ou a trama têm pouco peso. A graça provém da inconstância que move os personagens, da flutuação emocional que acompanha seus encontros e desencontros.

Mais que uma história, "Um Belo Domingo" contém várias. Temos a de um jovem professor que prefere não ter vínculos, a de uma criança fragilizada por uma situação familiar fraturada e a da jovem mãe colocada em risco por dificuldades financeiras.

Tais microfissuras culminam numa reviravolta, quando o passado ressurge na forma de um peso familiar em que laços afetuosos se confundem com ressentimentos.

Como fiapo condutor, seguimos Baptiste (Pierre Rochefort), um jovem de conduta obscura que a certa hora confronta-se com o passado, sem, no entanto, deixar-se aprisionar por ele.

CINEMA DE ATOR

Fiel a suas origens como atriz, Nicole Garcia pratica um cinema de ator, cuja assinatura concentra-se nos intérpretes, no modo como eles dão corpo e alma aos personagens.

Pierre Rochefort, filho da diretora, desempenha seu primeiro papel importante com uma fragilidade que só valoriza o personagem.

Ao seu lado, Louise Bourgoin liberta-se da imagem de gostosa com uma performance sóbria, derivada da vertente realista do cinema francês.

O maior trunfo de "Um Belo Domingo", contudo, é a reaparição de Dominique Sanda no papel de uma matriarca. Ícone de Bertolucci e Visconti (1906-1976), a hoje sessentona Sanda incorpora as marcas da idade a sua beleza ideal e entrega ao espectador os momentos mais doces e amargos de "Um Belo Domingo".


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