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Morre Sergio Rodrigues, pioneiro do design nacional

Criador da poltrona Mole tinha 86 anos e morreu em sua casa, no Rio

Peças do arquiteto vêm se valorizando nos últimos anos como ícones de brasilidade no mercado internacional

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Um dos maiores nomes do design brasileiro, criador da famosa poltrona Mole, Sergio Rodrigues morreu, aos 86 anos, na manhã desta segunda (1º), em seu apartamento, no Rio. Segundo a mulher do designer, a causa da morte foi metástase de um câncer que ele enfrentava havia 12 anos.

Nascido em 1927, Rodrigues começou sua carreira como arquiteto, tendo trabalhado no projeto do Centro Cívico de Curitiba. Mesmo com cerca de 200 obras construídas em todo o país, a maioria delas casas, Rodrigues se firmou como designer de móveis.

No entanto, suas estratégias de construção tanto em móveis quanto nos prédios que criou eram muito próximas, pensando sempre na natureza dos encaixes de madeira, que ele comparava ao uso de letras num alfabeto.

"Isso caracteriza bem os meus móveis", disse Rodrigues à Folha em janeiro deste ano, às vésperas de abrir uma exposição em Nova York. "É a minha maneira de encarar a madeira, os encaixes."

Rodrigues despontou no cenário do design nacional com sua poltrona Mole, lançada em 1957, e estava em diálogo com os maiores pensadores do modernismo arquitetônico no país, tendo sido escalado por Lucio Costa para criar muitos dos móveis dos prédios de Brasília.

Desde então, seus móveis em madeiras do país são considerados ícones de brasilidade, em especial por romper com os padrões europeus que eram copiados na indústria moveleira nacional até a década de 1940. Com a descoberta do mobiliário moderno brasileiro pelo mercado estrangeiro, Rodrigues virou uma referência do país.

Um dos pontos fortes de sua obra é a fusão do vocabulário já consolidado pelo modernismo internacional, em especial o uso expressivo da madeira nos móveis escandinavos, e elementos da cultura indígena do Brasil, enfatizando as linhas orgânicas.

"Sou um pouco modesto, mas sei que a poltrona Mole continua sendo um ícone", disse Rodrigues na entrevista em janeiro. "Tem aquele estofamento de couro para você se atirar. Ela ainda causa um certo espanto."

Mesmo sendo a maior obra de Rodrigues, a poltrona Mole, que está até no acervo do MoMA, em Nova York, ficou de fora de novas encomendas de móveis do designer feitas na comemoração dos 50 anos de Brasília, há quatro anos.


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