Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Temporada já é dos musicais brasileiros

Montagens nacionais em cartaz em São Paulo são sete, contra duas que recriam originais americanos da Broadway

Onda é impulsionada por aceitação do público e dos patrocinadores e pela formação de mais atores para esse gênero

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

De uma hora para outra, tem mais musical brasileiro em cartaz, em São Paulo, do que franquias da Broadway. São três de Chico Buarque, dois de Edu Lobo, outros com músicas de Rita Lee, Cazuza, Lupicínio Rodrigues.

Nas listas de musicais nos roteiros de teatro, o placar está em 7 a 2. Acrescentando aqueles de grupos como Oficina ou Cia. do Latão, listados em outras categorias, o número passa de 10.

"O público responde mais", explica Aniela Jordan, sócia e diretora-executiva da Aventura Entretenimento, em cartaz com "Se Eu Fosse Você". "O patrocinador, também", acrescenta.

Além de bilheteria e patrocínio, o que tem levado produtoras a priorizarem musicais brasileiros, não mais da Broadway, é o desenvolvimento das equipes criativas e intérpretes. "O mercado está sólido", diz Jordan.

O momento coincide com a volta ao cartaz de dois veteranos, Chico Buarque e Edu Lobo. Eric Nepomuceno, autor da recém-lançada "biografia musical" do segundo, "São Bonitas as Canções" (Edições de Janeiro), lembra que eles se associaram ao gênero desde o início.

"A voz do Chico foi gravada pela primeira vez num compacto de Morte e Vida Severina', com o Tuca, e o Edu ficou conhecido com Arena Conta Zumbi'", diz o escritor. Os dois musicais fizeram história em 1965.

O que ambos os compositores trazem para o público de hoje, em novas montagens de "Ópera do Malandro" ou "Os Azeredo Mais os Benevides", são obras mais elaboradas, sobretudo em relação às biografias de ídolos de música dos últimos anos.

"É uma evolução", diz o ator, diretor e produtor Cláudio Botelho, em cartaz com "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos" e ensaiando "Os Saltimbancos Trapalhões", também de Chico. Sejam os originais ou adaptações, eles vêm com a dramaturgia apurada.

O dramaturgo Newton Moreno, que acaba de escrever "O Grande Circo Místico", originalmente um balé com canções de Chico e Edu, diz que as próprias músicas "já têm dramaticidade", como é característica do gênero.

Moreno e o colega Alessandro Toller, em "Circo", criaram "fábula" e diálogos a partir das canções. O dramaturgo Flavio Marinho fez algo parecido em "Se Eu Fosse Você", adaptando o enredo dos filmes de mesmo nome às canções de Rita Lee.

"Por melhor que seja, um musical americano é estranho, você se sente estrangeiro àquelas referências, àqueles termos e nomes", diz Marinho. "Já num musical brasileiro a adesão do público é total, cria-se laço."

O dramaturgo já tem novo espetáculo na mesma linha para estrear no ano que vem, com direção de Wolf Maya. "Estúpido Cúpido", com história já criada inteiramente por Marinho, terá canções pop pré-Jovem Guarda, de Celly Campelo e outros.

A evolução do gênero musical "foi muito rápida" nos últimos anos, avalia Alonso Barros, diretor e coreógrafo de boa parte dos musicais recentes, tanto franquias da Broadway como, agora, os brasileiros. Antes, ele passou uma década em produções musicais na Europa.

Mas a nacionalização "é só um passo", diz Barros. Segundo a opinião geral, a evolução só se completa com o envolvimento de compositores nas produções. Newton Moreno, assim, sonha agora "fazer um musical do zero", ao lado dos músicos.

Eric Nepomuceno imagina que até Chico e Edu podem voltar a compor juntos. "Tudo depende daquele telefonema do produtor... Nós estamos sempre juntos e sinto que há uma vontade. Eu, se ganhasse na Mega-Sena, contratava os dois amanhã."

Cláudio Botelho diz que começou a colocar de pé, junto com Charles Moeller, um musical baseado no filme "Cidade de Deus", "totalmente de músicas inéditas". Também Aniela Jordan já anuncia um musical com canções, ao menos em parte, inéditas.

"É Bárbara Idade'", diz a produtora. "A gente chamou Zuenir Ventura, Ziraldo e Luiz Fernando Veríssimo para escrever [o roteiro]. Eles estão apavorados. [risos] Vai ter músicas criadas e outras já existentes. A gente está avançando, passo a passo."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página