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Crítica comédia

'Anjos da Lei 2' evoca relação ambígua entre dupla policial

Comédia alterna trama rasa e piadas fracas com alguns bons personagens

O maior interesse do filme 'Anjos da Lei 2' reside na leitura de que os dois parceiros são, na verdade, apaixonados um pelo outro, mas reprimidos sexualmente

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O primeiro filme "Anjos da Lei" é baseado na série de TV com Johnny Depp, de grande sucesso entre 1987 e 91, e promove uma mistura entre policial e comédia colegial, gêneros tipicamente americanos.

Neste "Anjos da Lei 2", a fórmula é requentada (como quase tudo em Hollywood nos dias de hoje) e o longa é novamente dirigido pela dupla Phil Lord e Christopher Miller, que também dirigiram "Uma Aventura Lego".

No primeiro, Schmidt, interpretado por Jonah Hill, e seu parceiro, Jenko (Channing Tatum), vão estudar em um liceu (supostamente por parecerem adolescentes). A missão é descobrir e desmanchar o tráfico de uma droga perigosa que circula ali.

Na continuação, com intuito semelhante, os parceiros vão a uma universidade.

'BUDDY MOVIES'

Em um ensaio chamado "From Buddies to Lovers", o crítico Robin Wood (1931-2009) fala de algo recorrente no cinema norte-americano: filmes que mostram dois grandes parceiros em uma relação, digamos, ambígua.

Wood aponta como matriciais três filmes de 1969, "Butch Cassidy e Sundance Kid", de George Roy Hill, "Sem Destino", de Dennis Hopper, e "Perdidos na Noite", de John Schlesinger.

Segundo o crítico, há nestes filmes a sugestão de que os protagonistas se sentem atraídos sexualmente um pelo outro (embora não tenham plena consciência dessa atração), algo que se tornaria mais evidente nos chamados "buddy movies" das décadas seguintes.

É disso que tratam os dois filmes da série "Anjos da Lei". Schmidt e Jenko são, na verdade, apaixonados um pelo outro. Por serem reprimidos sexualmente, não conseguem consumar essa atração.

Mesmo com a autocensura, não conseguem disfarçar o ciúme que sentem quando o parceiro se aproxima de outros homens. Isso já é sensível no primeiro longa. Neste, torna-se explícito.

Por exemplo: a relação entre Jenko e Zook, o atleta cabeludo, vivido por Wyatt Russell --filho dos atores Kurt Russell e Goldie Hawn--, é torturante para Schmidt.

E quando Jenko tenta convencer Schmidt de sua necessidade de investigar por conta própria, é como se estivesse propondo ao companheiro um relacionamento aberto.

Nesse tipo de filme, dizia Wood, o sexo feminino é assessório --as garotas que se envolvem com eles no primeiro longa foram descartadas.

E em ambos, o gorducho Schmidt conquista a garota mais bonita do pedaço, mas parece não ligar a mínima para os sentimentos dela. Está mais preocupado com Jenko.

O maior interesse de "Anjos da Lei 2" está nessa leitura. Em outros aspectos predomina o efeito gangorra, com altos (os gêmeos traficantes que falam em coro, a participação de Ice Cube, os créditos finais) e baixos (excesso de piadas fracas e trama ainda mais rasa que no primeiro filme) em igual medida.

ANJOS DA LEI 2
(22 Jump Street)
DIREÇÃO Phil Lord e Christopher Miller
PRODUÇÃO EUA, 2014
ONDE Cinépolis JK Iguatemi, Pátio Paulista Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular


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