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Crítica - Ópera

Soprano tem atuação memorável em 'Salomé'

Em estreia, Najda Michael foi impecável, e Orquestra Sinfônica Municipal mostrou domínio da música de Strauss

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

A peça que inspirou a ópera "Salomé" foi escrita em francês pelo irlandês Oscar Wilde (1854-1900). O compositor Richard Strauss (1864-1949) utilizou diretamente o texto de Wilde em tradução alemã.

A montagem do Theatro Municipal tem direção da talentosa Livia Sabag. Luz e cenários contornam a música e favorecem a projeção vocal. E a abertura da fenda que, enfim, mostra --na "Dança dos Sete Véus"-- os vitrais coloridos do palácio, serve de equilíbrio ao olhar já acostumado à beleza gélida e soturna.

A famosa dança é sempre um momento cênico decisivo. É o ponto em que o texto cessa e a música cede espaço para a pura visualidade, o "olhar proibido" tantas vezes tematizado na narrativa.

Sabag utilizou o Balé da Cidade de São Paulo (coreografado por André Mesquita) para, na medida exata, adicionar sentidos aos sons.

Mas o mais forte de "Salomé" é a música. Strauss concebe materiais sonoros ambíguos para a personagem-título, relações improváveis entre tonalidades distantes.

Especialista no papel, a soprano alemã Nadja Michael teve atuação memorável na estreia.

Para Iokanaan (o profeta João Batista, interpretado por Mark Steven Doss) e Herodíades (por Iris Vermillion) o compositor escreve uma música propositalmente plana, mas repleta de sutilezas orquestrais.

Já para Herodes (interpretado com maestria vocal e teatral pelo tenor Peter Bronder) predominam as frases descendentes, muitas vezes em tons inteiros.

A Sinfônica Municipal parece renovada. Se o alto nível da performance de sábado (6) se mantiver, é porque ela terá dado, de fato, um salto qualitativo.

Para isso ocorrer justamente na complexa "Salomé" concorre também a experiência e a paixão do maestro John Neschling por esse repertório.

Em Strauss a orquestra é protagonista, soa no mesmo plano dos cantores; nas fronteiras da tonalidade, a obra está a um passo do expressionismo de Arnold Schoenberg (1874-1951) e Alban Berg (1885-1935).


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