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Análise

Sem ter criado estilos ou revolucionado o meio, pianista conquistou pela sutileza

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

Onde quer que Nelson Freire toque, os ingressos se esgotam logo: como, em pleno século 21, um artista que não criou novos estilos e que não revoluciona o seu meio pode ser tão cultuado?

De fato, o repertório do pianista mineiro consiste predominantemente nos compositores que viveram nas gerações entre os músicos Beethoven (1770-1827) e Sergei Rachmaninov (1873-1943).

E mesmo a música brasileira é uma paixão à qual Nelson Freire se dedica apenas eventualmente.

É claro que o pianista possui mecânica privilegiada, capaz de vencer desafios que transcendem os limites demasiadamente humanos; mas, mesmo nesse quesito, o mundo está cheio de russos e chineses ainda mais espetaculares.

Nelson Freire tem personalidade introspectiva, serena. É um artista das sutilezas, que escuta e distribui nuances na pulsação do presente.

Interpretação é uma palavra que cabe especialmente em seu ofício: para além da mera execução da partitura escrita, ele produz leituras, releituras, desleituras.

Isso nunca é feito para forçar as obras a serem o que não são: fruto de uma intimidade cultivada ao longo de toda a vida, Nelson trata as músicas com o amor que se devota aos amigos queridos.

Tal qual o canto de um bardo grego, sua relação com o piano é de espanto, como se ele mesmo não pudesse crer na beleza que escorre pelos dedos de um simples mortal.


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