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A grama do vizinho

Gregorio Duvivier faz sujeito com dupla personalidade em filme sobre rivalidade entre Rio e São Paulo

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO

O interior de um amplo casarão no Morumbi, bairro nobre paulistano, faz as vezes de sala de estar em Santa Teresa, bairro pitoresco carioca. De regata e havaiana, estirado no sofá, o ator e colunista da Folha Gregorio Duvivier brinca: "Só falta colocar som de tiro e sirene pra parecer mais o Rio".

O ator carioca está num intervalo de gravação de "Desculpe o Transtorno", comédia que tira onda da rivalidade entre São Paulo e Rio. No filme, que sai em 2015, ele interpreta um sujeito de dupla personalidade: numa hora, o paulistano certinho Eduardo; noutra, o carioca fanfarrão Duca.

"Um é o superego, e o outro é o id. O Eduardo é travado socialmente, mas também mais civilizado. O Duca é o exagero do carioca: é folgado", diz Duvivier. E emenda: "Exagero, não; é a realidade".

A humorista Dani Calabresa vive sua namorada, uma paulista mandona. Clarice Falcão, mulher de Duvivier na vida real, completa o triângulo amoroso como uma garota tranquilona do Rio. Na cena a que a Folha assistiu, numa manhã de calor carioca em São Paulo, as duas se enfrentam no casarão de Santa Teresa.

"Dois pratos de ovo mexido, Eduardo? E essa pele bronzeada?", questiona a personagem de Dani, estranhando os novos hábitos do namorado paulista. "É só passar dez minutos nessa cidade que tu fica bronzeado" é a evasiva dele, vivendo sua faceta carioca.

"A minha personagem é uma patricinha, mas é até um pouco querida. É mandona, mas pentelha com carinho", diz Dani Calabresa, paulista de Santo André. Ela diz honrar o seu Estado natal em alguns hábitos: "Me arrumo pra ir ao shopping, faço mala dias antes. Queria ser mais descontraída, como os cariocas".

Pernambucana de nascença, mas criada no Rio, Clarice afirma que quis buscar o escrachado para sua personagem. "Ela é fanfarrona. É carioca mesmo, independentemente de ser mulher", diz ela, de sandália e camisa largona.

Dirigido por Tomas Portella ("Qualquer Gato Vira-Lata"), o longa orçado em R$ 6,5 milhões é das maiores apostas para o ano que vem da produtora Gullane ("Até que a Sorte Nos Separe"). "Queríamos uma comédia mais sofisticada, que abordasse as diferenças das cidades, mas sem o bairrismo", diz Caio Gullane.

Estão no elenco Marcos Caruso, Zezé Polessa, Rafael Infante, Júlia Rabello e Luis Lobianco (esses três do grupo de humor Porta dos Fundos, de Duvivier e Falcão). O roteiro é de Adriana Falcão e Tatiana Maciel, mãe e irmã de Clarice.

Nascido no Rio, Portella diz que "Desculpe o Transtorno" não irá caçoar de nenhuma das capitais. "A disputa é entre quem é a melhor, e não quem é a pior", afirma o diretor. Comandando uma equipe de filmagem misturada, ele aponta quem é de qual cidade. "Meus conterrâneos são os que estão de bermuda", diz.

Nas cenas ambientadas em São Paulo, Portella promete uma estética com "luz mais elegante". Nas rodadas no Rio de Janeiro, ambientação "rococó", com "curvas e mais luz do sol entrando", descreve.

De Antonio Prata, também colunista da Folha, Duvivier recebeu "aulas de paulistês". A pegada carioca ele buscou na "infância profunda". "É só deixar as vogais sujas nas frases, falar alôôô', aííí'", diz.

CARIOCA NO COPAN

Vivendo há duas semanas "na São Paulo pulsante", como descreve, Duvivier usou suas últimas colunas, publicadas às segundas na "Ilustrada", para elogiar a cidade.

"Estou quase amarrando o burro aqui", diz ele à reportagem. "Estou comendo bem à beça. Pirei naquele restaurante peruano da cracolândia."

Dividindo um apartamento no Copan com a mulher, o carioca de sangue paulista ("por parte da família materna") diz que tem andado de bicicleta pelo centro.

"No fundo, as duas cidades são irmãs", diz Clarice. "Mas irmãs meio Ruth e Raquel."


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